O mundo está em uma encruzilhada tecnológica que vai definir o futuro das economias, das relações internacionais e do cotidiano das pessoas. A inteligência artificial (IA) deixou de ser ficção científica para se tornar o novo campo de disputa por soberania, poder e desenvolvimento. Nesse cenário, investir em IA é mais do que modernizar: é decidir se o país será protagonista ou espectador da próxima era.

A realidade impõe pressa. Grandes potências como Estados Unidos, China e União Europeia concentram hoje a maioria dos supercomputadores do mundo e lideram a criação dos sistemas mais avançados. Esse desequilíbrio, que também é político e econômico, ameaça aprofundar o já conhecido abismo digital entre países centrais e periféricos.

O Brasil, embora tenha alguns supercomputadores no ranking global, ainda caminha lentamente em relação às suas reais necessidades. A dependência de estruturas externas para rodar pesquisas estratégicas, muitas vezes sujeitas a restrições de uso, enfraquece a autonomia científica nacional e compromete avanços em áreas como saúde, defesa, energia e agro.

É nesse ponto que iniciativas como a do Paraná se tornam estratégicas. O Estado firmou um acordo com a Índia que vai permitir a instalação de supercomputadores em universidades estaduais e, mais importante, prevê a transferência de tecnologia.

Outra frente é a formação de profissionais capacitados. Um exemplo é o curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que forma uma nova geração de profissionais preparados para trabalhar com algoritmos, análise de dados e aprendizado de máquina. O curso, pioneiro no Estado, mostra que é possível articular ensino superior público de qualidade com demandas de ponta da sociedade contemporânea.

Mas a formação de mão de obra esbarra em um problema estrutural no país: o baixo desempenho em matemática no ensino básico. A incapacidade de formar uma base sólida em ciências exatas compromete todo o ecossistema de inovação. Sem domínio matemático, não há inteligência artificial, não há segurança digital, não há futuro competitivo.

A transformação em curso exige um pacto nacional por ciência, tecnologia e educação. Exige também o fortalecimento da rede de supercomputação brasileira, com investimentos consistentes para ampliar a capacidade instalada em universidades, centros de pesquisa e setores estratégicos.

Ficar para trás significa abrir mão de desenvolver vacinas, novos materiais, fontes de energia limpa, simulações climáticas e inovação no campo. Portanto, ficar para trás não deve ser uma opção.

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