A notificação de um caso de coronavírus em Belo Horizonte, feita pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais nessa quarta-feira (22), pôs o Brasil em alerta, mas a suspeita não se confirmou. No fim da tarde, o Ministério da Saúde já havia descartado a possibilidade de ter um caso da doença naquele estado.

A suspeita ocorreu após o atendimento de uma paciente que havia chegado de Xangai, onde, na verdade, não há ocorrência da doença cujos casos e transmissão só existem, por enquanto, na província de Whuan, na China.

A possibilidade descartada não deixa de ser um alívio no momento em que o Brasil já luta para combater uma epidemia de dengue, considerada uma doença viral sazonal que, no período de fortes chuvas e enchentes, tende a piorar pela infestação do mosquito Aedes aegypt, um vilão que tem dado muito trabalho às autoridades sanitárias e continua se multiplicando.

Em 2019, no País os casos de dengue tiveram um aumento de 600% em relação ao ano anterior. Durante as 34 semanas analisadas – entre dezembro de 2018 a agosto de 2019 – foram registrados 1.439.471 casos. Minas Gerais foi o estado que registrou o maior avanço da doença, e São Paulo registrou o maior número de mortes confirmadas: 217 no total.

Este ano, as autoridades sanitárias estão de novo em alerta e o prognóstico não é bom, tendo em vista que a doença causada pelos mosquitos se espalha rapidamente e o risco pode estar bem aqui, no quintal de nossas casas.

A FOLHA desta quinta-feira (23) traz o resultado do primeiro Liraa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti) de 2020 em Londrina, que mostra números alarmantes: em alguns bairros o índice de infestação do mosquito ultrapassa 30%. Até o dia 22 de janeiro foram notificados 1.047 casos de dengue na cidade, sendo 64 confirmados. A FOLHA contribui com o alerta à população publicando matérias frequentes sobre o problema. Os alertas incluem o cuidado que se deve ter nas casas e bairros para eliminar os principais criadouros dos mosquitos que proliferam em água parada em calhas, lajes, tanques, pneus, lixo com recipientes como garrafas e latas, além dos depósitos naturais como buracos em árvores e alguns tipos de plantas.

Se os alertas fossem suficientes para mudar maus hábitos da população, como o acúmulo de lixo e o descaso com recipientes que acumulam água, talvez os avanços na luta contra a doença já tivessem apresentado resultados mais satisfatórios. Mas não é o que vem acontecendo e a dengue continua sendo, a cada ano, um dos principais desafios da saúde pública no Brasil.

As altas temperaturas e chuvas fortes do verão somam-se como fatores de risco juntamente com a falta de educação ambiental que revela hábitos insalubres, sobretudo em terrenos baldios, espaços públicos e, até mesmo, no acúmulo de pessoas nas grandes festas populares.

Todos vimos o trabalho dos garis, após o réveillon, recolhendo toneladas de lixo nas praias. Uma sujeira que deverá ser recorrente no carnaval quando multidões de novo se juntam deixando, infelizmente, um rastro de lixo depois da festa. Enquanto tudo isso não melhorar continuaremos a ser campeões de epidemias de dengue e outras doenças graves que se espalham por problemas decorrentes da falta de conscientização, além da pobreza e da falta de infraestrutura estrutura básica.

Faz tempo que o verão deixou de ser apenas a estação das férias e da diversão para se transformar num dos períodos mais desastrosos do ano para a saúde pública e a população, que adoece cada vez mais.

A FOLHA deseja mais qualidade de vida e saúde aos seus leitores e a todos os brasileiros.