15 DE OUTUBRO DE 2000

Descarte a primeira impressão. Esta é uma condição essencial para descobrir as riquezas do Parque Nacional da Serra do Cipó, em Minas Gerais. A 100 quilômetros de Belo Horizonte, o lugar, de longe, pode parecer um mero cerrado, árido e inóspito. Realmente, é cerrado, árido e inóspito. Mas é também um dos maiores santuários ecológicos do mundo.O parque, criado em 1984, fica na porção sul da Serra do Espinhaço (uma cadeia de montanhas que vai até a divisa entre os Estados da Bahia a do Piauí) e abrange os municípios de Itambé do Mato Dentro, Santana do Riacho, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Jaboticatubas e Morro do Pilar.Seus quase 34 mil hectares surpreendem pela diversidade de fauna e flora e pelas belas paisagens, com cachoeiras (a mais famosa é a Véu da Noiva) e cânions, como o das Bandeirinhas, ideais para esportes de aventura e ecoturismo. Na região, já foram catalogadas mais de 130 espécies de aves, 60 de mamíferos e 35 de anfíbios, além de sítios arqueológicos que integram importantes capítulos da história do homem.Enquanto águias chilenas, gaviões-pomba, jaguatiricas, lontras, tamanduás, onças-pardas, pererecas-de-pijama e rãs-da-careta representam um grande tesouro para os olhos, em termos de quantidade e variedade o maior tesouro do parque é a vegetação. A biodiversidade local supera a da Amazônia. Na área, já foram isoladas mais de 150 novas substâncias utilizadas em pesquisas do mundo todo e que podem ser úteis no combate a doenças como o câncer e a aids.

(Mary Persia de Oliveira/ Agência Estado)