O governo estadual acumula, no caso Banestado, a condição dupla de síndico da massa que ajudou a quebrar e de leiloeiro. Nem Franz Kafka, Becket ou Yonesco teriam tamanha imaginação em termos de absurdo.
Essa administração vai passar à história como a que arrasou o Paraná e vendeu a preço de banana os seus principais ativos. O escândalo da Leasing, que a TV Senado mostrou para todo o Brasil, configura, na palavra de Teresa Grossi, diretora do Banco Central, o crime de ‘‘formação de quadrilha’’. Ontem o secretário da Fazenda, Giovani Gionédis, o coveiro rápido como o Flash das nossas estatais, bem como o candidato Cassio Taniguchi saíram, pelos jornais e a Rádio CBN-Curitiba, dizendo que o governador foi quem apurou os desvios e mandou punir os culpados. É ‘‘menas’’ verdade, como diria o Lula: Lerner ratificou o havido na Leasing, de forma tortuosa, ao ‘‘promover’’ o autor principal da barbárie a secretário de Esporte e Turismo, onde também deixou rastros indeléveis como o dos Jogos Mundiais da Safadeza, que esse Tribunal de Contas paquidérmico faz sinais que vai apurar e não apura.
A culpabilidade do governador, por não ser direta, é presumida, mas em casos análogos, ainda que a configuração da relação (causalidade físico-subjetiva, quer dizer o nexo entre os fatos e a intenção) não seja clara, tem havido o enquadramento do hierarca superior. Houve intervenção pessoal de Lerner em casos como o da inadimplência do ex-governador de Sergipe João Alves ao não acatar a orientação do setor jurídico, e impor o parcelamento da dívida, permitindo que aquele político ainda pudesse processar o Banestado.
Havia método demais nas loucuras do Banestado como havia na relação entre o crime organizado, políticos e a área de segurança e como persiste no açodamento com que se pretende manter subavaliado o estabelecimento e vender, ao correr do martelo, a nossa principal empresa, a Copel. Na Assembléia desfibrada e que tudo aprova como ‘‘vaquinha de presépio’’ (boa parte dos seus componentes envolvida até o pescoço em empréstimos assistencialistas, como se deu no caso do Vanhoni, um protegido do clã) não há sinal de resistência porque opera como um títere do Executivo.
Neste momento há uma ação no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre e em breve haverá outra cobrando, com base em jurisprudência do STF em torno do caso Banespa, nova avaliação. Gionédis equivocou-se na ACP ao dizer que o saneamento da Leasing custou R$ 40 milhões, quando Teresa Grossi indicou um número mais vitaminado - R$ 600 milhões.