Uma coisa é o debate sem a tevê como esse de anteontem na Tuiuti, outra um em estúdio como os que a Band está programando, nacional e regionalmente. A fala para o público interno, um auditório determinado, não tem nem o impacto e muito menos o poder multiplicador do outro.
A ausência desse fator e da presença de Alvaro Dias limitou o discurso de Requião e facilitou as coisas para Beto Richa que de tanto ser subestimado, acabou surpreendendo e também de Rubens Bueno. De um modo geral a regulação de um debate em rádio ou televisão é tão detalhista que se contrapõe à filosofia para o mercado, aberto demais, escancarado. Por isso é chato e tedioso, seja aqui ou nos Estados Unidos, como estamos cansados de ver.
Na realidade os debates mais ocultam do que esclarecem e isso é feito por método por todos os interessados. Há apenas o detalhe das ''pegadinhas'' como aquela em que Vanhoni caiu sem saber o que era Procel e o Lula naquela falseta de que teria um aparelho de som de maior custo do que o de Collor.
BIZARRICE Alvaro Dias sempre negou, ao menos de forma velada, que tenha feito o acordo branco, que Requião vive denunciando, com Jaime Lerner. Agora com a decisão de nominar a sua chapa de ''Coligação Vote 12'' volta a despertar suspeitas nas hostes do PMDB. Esse número aí é meio cabalístico e lembra a campanha dos doze dias que elegeu Lerner prefeito.
AXIOMA Debate não decide eleição, mas atrapalha. No de anteontem, o melhor, segundo os observadores, foi Rubens Bueno. Detalhe: Beto Richa também se saiu muito bem e Requião estava calmo demais e portanto menos inspirado. Quando percebeu a ausência de Alvaro Dias quase deu uma de Ciro, ameaçando sair.
GLOSA Com a alta do dólar o turismo é duplamente prejudicado: para o exterior é impensável viajar e como uma das consequências vai ser alta do trigo o custo da gororoba em Santa Felicidade se eleva com o reajuste das massas. Assim não se viaja para o exterior e há diminuição da procura do bairro-colônia. Atinge, portanto, o turismo em direção ao exterior e o interno dos brasileiros.
EPIGRAMA No Brasil, haja o que houver nas eleições, o eleitor é sempre a maior das vítimas do processo.
FOLCLORE O fato de não haver pesquisas eleitorais, de caráter regional, leva os candidatos a equívocos. Alvaro Dias acha que ainda está naquela dianteira das primeiras sondagens e desprezou o debate da Universidade Tuiuti. Quem ganhou com a troca de papo foram Rubens Bueno, que estava lá embaixo, e Beto Richa que não saia do lugar. Nesse aspecto o debate comprovou aquilo que se diz sobre a sua operacionalidade por beneficiar os que estão por baixo.
VINHETA Como as pesquisas não saem, Beto Richa pode continuar sorrindo. Sem que pareça abobalhado.
CROMO O vento estufa as saias da camponesa e eu assisto a luta do pudor com a fúria dos elementos da janela do trem: as luminosas coxas, desesperadamente ocultas, enfeitaram a tarde hibernal. No fundo pastam as vacas indolentes de Matisse e o trem passa. Erotismo bucólico, que coisa antiga.
AFORÍSTICO Servidores estaduais foram achacar a marmoraria e o empresário gravou o papo de um deles. Incrível é que ainda queriam levar placas importadas de mármore. Esqueceram que podem ferver no mármore do inferno, como alertava o muçulmano da novela ''O Clone''.
SCAPS Nelson Justus faz campanha no Interior com a Tiazinha e a Feiticeira. Não se pode negar que é um deputado de muito peito.