Se fosse uma pessoa de 85 anos, diríamos que cumpriu um ciclo atingindo a longevidade. Deixaria descendentes, filhos, netos e bisnetos, sementes para o que virá, podendo até mesmo morrer sossegada. Mas é uma cidade. A longevidade será medida em séculos, já o ciclo, de oito décadas e meia, cumpriu numa velocidade que deixou perplexos os historiadores.

Londrina precoce nos anos em que o “boom” do café atraia pessoas de várias regiões do País e muitos estrangeiros. Londrina empoeirada, com seus jeeps de tração que aguentavam o barro e a chuva. Londrina dos automóveis, dos filhos e netos montando concessionárias porque descobriram que aqui as pessoas gostavam de motores e de aviões, de voos rasos e altos.

Londrina precoce em noites de ave-maria, costumes profanos e música de baile, tocada pelo vento da abundância que trazia virtudes e vícios, uma cidade feita de vida como uma mulher independente e séria como os homens de negócios que nunca suportaram a gravata.

Londrina adulta, com porte esguio aos 85 anos. Cidade que se estica para o o leste e o oeste, para o norte e o sul, em distritos que plantam grãos e gastronomia cabocla. Cidade adulta, salva pelos ciclos de ouro e abatida pelas geadas, pródiga em atrair a riqueza e ver a pobreza crescer nas periferias como toda cidade que envelhece.

Londrina que precisa de reparos e os conquista. Mãe das vias rápidas e dos hospitais bem equipados, íntima do cheiro do café em grão e da bebida solúvel. Sombra e sol nas jornadas de peões de obras e trabalhadores de shoppings. Tem um ar de metrópole com tecnologia de ponta e uma juventude eternamente universitária.

Londrina da esquerda e da direita. Londrina múltipla.

Cidade dos shows sertanejos e do blues que lhe confere a emoção necessária. Londrina das orquestras e dos coros. Do cinema e do teatro plantados em canteiro de obras culturais. Dos esportes como handebol e a ginástica rítmica. Da culinária do caldo de feijão e dos sushis artisticamente desenhados.

Londrina dos parques de Burle Marx e do Lago Igapó - espelho de Narciso do céu mil vezes fotografado. Cidades das nascentes com cheiro de mato e dos poentes de diesel e fumaça.

Londrina das ruas estreitas e das avenidas por onde vem o futuro, desafiador como a origem da cidade que a FOLHA abraça nos seus 85 anos, caminhando e cambiando palavras que nos levam à imaginação do que será?

Mais 15 anos e Londrina terá um século. O vinco dos anos lhe darão a atmosfera de um Calçadão imaginário mil vezes pisado, com o tempo passando no Relojão que viu seu passado e acerta o futuro como dois ponteiros permanentemente no alto. Cidade dos edifícios, uma das mais verticalizadas do País, seus olhos enxergam longe e os seus 100 anos estão bem ali, na velocidade de uma vida fértil e de descendências asseguradas pelo amor do que a conhecem porque nasceram aqui ou foram recebidos de braços abertos.

Neste aniversário de Londrina, a FOLHA agradece seus leitores pela preferência!