Londrina invisível – o ”Espírito Desbravador” e o novo aeroporto
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sábado, 29 de junho de 2024
A aerofoto de Londrina de 1949 mostra um grande retângulo de terra vermelha na zona leste. Corta cafezais em diagonal. Era a pista do novo aeroporto.
O lugar era estratégico. Na Gleba Cambé, próximo ao Patrimônio Três Boccas, da Hospedaria de Imigrantes e do Escritório da CTNP. Foram os primeiros lotes vendidos nas terras da CTNP ainda em 1930.
Instalar grupos de imigrantes de mesma nacionalidade fazia parte dos planos da CTNP. Obedecia ao Decreto de Colonização (PR). Facilitava a comunicação, educação e manutenção de estradas. Atraía compradores. Assim foi formada a Seção Numero 1 ou Dai Ikku de imigrantes japoneses.
A análise da aerofoto permite observar cafezais formados. As moradias e anexos perto do ribeirão Limoeira e Cambé mostram uma área estruturada. A sobreposição da aerofoto com o parcelamento da gleba permite identificar o grande retângulo formado por doze lotes rurais contíguos. Números 1,2,3,4, 4(B, C, D, A), 5, 6, 7, e 8. Quase metade da Seção Numero 1 seria “desapropriada”.
Ressonâncias da onda de nacionalismo no final da década de 1930 resultaram no fechamento de escolas de alemães e japoneses. Depois, a Segunda Grande Guerra. Ventos desfavoráveis.
Um grande monumento de granito, com o ideograma Takkon- Espírito Desbravador, marca o limite da Praça Nishinomiya, em frente ao aeroporto. É uma homenagem aos primeiros imigrantes japoneses que chegaram à seção Número 1 – Colônia Dai Ikku.
Uma boa cidade se constrói através da sobreposição de camadas, visíveis e invisíveis. De memórias do chão.
Humberto Yamaki, Coordenador do Laboratório de Paisagem Universidade Estadual de Londrina

