Londrina não é uma cidade turística. Quem diz isso não conhece nem Londrina nem o que é turismo. Essa pauta já se tornou prioridade e os passos que damos na trilha para transformar Londrina num Destino Turístico Inteligente (DTI) são irreversíveis. Um dos requisitos considerados pelo programa DTI Brasil, por exemplo, é ter uma governança do setor. E Londrina é uma das poucas cidades no país que conseguiu organizar sua governança sob o guarda-chuva do ecossistema de inovação. Nossa Governança de Turismo reúne representantes do setor público, entidades da sociedade civil organizada, instituições de ensino e membros da iniciativa privada.

Assim, a governança é uma instância que se reúne a cada quinzena para pensar e planejar as ações do turismo em Londrina, ajudando a conectar os diversos atores e a fomentar as ações realizadas. É daí que surgiram projetos como o Hub e Inovação e Turismo, mantido pelo Visite Londrina Convention Bureau, aberto ao público e local onde são realizadas diversas ações do setor, além das discussões sobre o Plano Municipal do Turismo e sobre Mapa Estratégico de DTI do setor, cartilhas que nos ajudam a definir ações e políticas públicas. Também surgiu da governança o projeto do Centro Inteligente de Atendimento ao Turista, o CAT Inteligente, que foi proposto no edital da Itaipu pela Codel com apoio da Sema e do Ippul.

O turismo, todavia, vai muito além. Verifica-se na prática. E deve ser muito mais observado por pessoas, profissionais e empresas que ainda não se reconhecem como integrantes da cadeia turística. Estamos habituados a reconhecer como turismo quem atua como agente ou agência de turismo, como bares, restaurantes e toda a rede hoteleira, assim como os atrativos, desde parques municipais a shoppings. Todavia, também fazem parte da cadeia quem instala e faz manutenção de condicionadores de ar, utilizados por turistas em hospedagens, até motoristas de aplicativo que transportam visitantes.

Em Londrina, são mais de 21 mil CNPJs trabalhando com turismo, mesmo que as empresas não percebem, em 571 atividades econômicas, relacionadas direta ou indiretamente. Então, sim, Londrina é uma cidade turística, a filha de Londres que recebe a todos de braços abertos. Por aqui, não temos umas Cataratas do Iguaçu nem uma Vila Velha e também não soubemos aproveitar o hype das capivaras, como fez a capital do Paraná. Mas, temos o turismo de eventos, o de negócios, o gastronômico, o rural, o religioso, o ecoturismo, o de compras, cultural, o de festivais, o histórico, o do café, o que está ligado às atividades de saúde, entre muitos outros. Sem contar o Lago Igapó, cartão postal da cidade.

Londrina tem muitos atributos turísticos, inclusive uma infraestrutura capaz de atender muito bem aos visitantes. Esse trabalho realizado pela governança no ecossistema de inovação nos levou a dois eventos, um em Ponta Grossa e outro em Foz do Iguaçu, para compartilharmos como exemplo de sucesso. Mas, ainda há passos a dar nesse caminho. Falta, por exemplo, mudar a mentalidade do londrinense a respeito na natureza e da essência de Londrina como uma cidade turística. Entretanto, isso só será possível no dia em que, de fato, tivermos uma Secretaria Municipal de Turismo, que dará ao tema a importância e a relevância que o turismo merece.

Assim como todos os então outros candidatos à prefeitura, nosso prefeito Tiago Amaral assinou uma carta de compromisso de criação da secretaria durante seu mandato. Assim esperamos. Afinal, a estrutura de uma secretaria municipal coloca Londrina na rota de recursos diretos do Ministério do Turismo e da Secretaria Estadual do Turismo (SETU). Por enquanto, não temos estrutura jurídica ideal para o recebimento de recursos para projetos, desde sinalização turística até investimentos em atrativos. Estamos bem no ranking de DTI Brasil. Mas podemos e precisamos melhorar nosso posicionamento. É possível. Basta continuarmos trabalhando juntos, cada qual cumprindo seu papel.

Fábio Luporini, jornalista e coordenador da Governança de Turismo de Londrina

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