Ainda é muito cedo para afirmar, mas após seis rodadas o Londrina mostra que a luta – mais uma vez – será contra o rebaixamento na Série B do Campeonato Brasileiro. Tá certo que o nível técnico é alto, mas o gestor do clube insiste nos mesmos erros. De fato não deve ser fácil fazer futebol no Brasil, sobretudo em Londrina. O torcedor quer resultado e os custos são altos. Mas, convenhamos, “não existe bobo no futebol”. Com Sergio Malucelli não é diferente. Apesar dos pesares, o Londrina ainda rende lucros ao gestor que se acha maior que a própria instituição. Por vezes ameaçou deixar o clube e ir embora alegando falta de apoio.

Imagem ilustrativa da imagem LEC: razões para um distanciamento
| Foto: Marcos Zanutto - 11/09/2019

Em 2016 o Tubarão voltou à Série B. Durante a ótima campanha – que quase terminou com o acesso à Série A, assim como em 2017 -, o LEC teve em média cinco mil torcedores no Estádio do Café. Nos três anos seguintes, a média caiu para um pouco mais de três mil pessoas. Hoje, com apenas três partidas disputadas em casa (Náutico, Novorizontino e Vila Nova), a média é de apenas 953 torcedores. No quesito, o Londrina fica à frente apenas do Brusque na atual edição da Série B. Mas o que fez o torcedor sumir do estádio?

Londrina é uma cidade que consome o produto futebol. Contra o Coritiba, em 2013, foram 30 mil pessoas. Na final, diante do Maringá, em 2014, 28 mil. Na Primeira Liga, em 2017, contra os gigantes de Minas Gerais, Cruzeiro e Atlético-MG, 15 mil torcedores. O londrinense gosta do Londrina.

Me lembro das primeiras vezes que meu pai me levou ao estádio. O time entrava em campo com foguetório (hoje nem pode mais), os jogadores vinham até a torcida, jogavam bonés, camisetas, chaveiros, era uma festa. Time e torcida em prol do mesmo objetivo.

Faço aqui uma confissão: eu deixei de ir ao estádio. E antes de escrever este texto pensei nos motivos que me tornaram distante do Londrina. A começar pelo ingresso, o preço pela meia-entrada inteira no setor coberto é de R$ 60. Já o valor mais barato é pela meia-entrada na arquibancada: R $40. O elenco é limitado, o pensamento, pequeno. Não existe um investimento em reforços de peso que cheguem para elevar o patamar do time. O gestor aproveita o espaço na imprensa para atacar o torcedor. Desrespeita a tradição do clube quando coloca o time para jogar de branco e não com o uniforme tradicional. Os jogadores são alheios à história do clube. Também não deve ser fácil trabalhar com os salários em atraso. Ou seja, será que fui eu que me afastei do Londrina ou foi o Londrina que se afastou de mim?

Gustavo Andrade, jornalista - Londrina

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