Desde que foi instalada no ano passado, a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News vem polemizando bastante e o cidadão chega a duvidar que tanta controvérsia acabará na comprovação do uso das redes sociais e dos aplicativos de troca de mensagens instantâneas para espalhar conteúdo falso.

Primeiro a deputada Joice Hasselmann acusou a existência do “gabinete do ódio” no Palácio do Planalto, local que seria responsável por criação de boatos. Em outra sessão, o deputado Alexandre Frota levou um bolo para comemorar um ano do caso Queiroz.

Nada tão sério quanto o que ocorreu na última sessão, quando o ex-funcionário da empresa Yacows Hans River difamou a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo. Durante a audiência, o funcionário da empresa acusada de propagar mensagens falsas em massa disse que a repórter teria feito insinuações sexuais para conseguir informações para uma reportagem.

Patrícia Campos Mello foi a responsável por revelar em uma reportagem que empresas estavam enviando mensagens em massa pelo WhatsApp durante as eleições de 2018.

As declarações de River foram desmentidas quando o jornal publicou os áudios, vídeos, fotos, planilha e troca de mensagem da repórter com o ex-funcionário da Yacows. Triste constatar que na própria CPMI da Fake News ainda se tenta espalhar mentira.

O episódio da última audiência da CPMI é apenas um exemplo das muitas agressões que os veículos de comunicação e seus jornalistas estão sofrendo nos últimos tempos.

O posicionamento contrário à mídia une até mesmo dois adversários históricos, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se o primeiro fez o característico gesto de uma “banana” para os repórteres que o aguardavam na saído do Planalto, o petista afirmou que há críticas que o presidente Bolsonaro faz aos veículos de comunicação “que são corretas”.

O trabalho da imprensa não é livre de críticas. Os veículos cometem erros e quando isso acontece é urgente que se corrija. Mas os ataques representam um movimento repugnante de desvalorização da imprensa. Em reportagem deste fim de semana, a FOLHA questiona por que a qualidade da imprensa é constantemente questionada por políticos de todos os lados e seus seguidores mais radicais.

Vez por outra a relação saudável entre poder e imprensa é fragilizada e se torna alvo de reações extremas e até censura. No Brasil, o Estado Novo e a ditadura militar que começou em 1964 são apenas dois exemplos de épocas em que o trabalho dos jornalistas foi cerceado.

É importante lembrar que a divergência entre o poder e a imprensa é útil para a democracia, assim como é essencial o reconhecimento pela mídia de ações positivas dos dirigentes do País. O papel da imprensa sempre será questionar para informar e a defesa da democracia deverá nortear todos os esforços. Além desses valores, a Folha de Londrina tem especial preocupação em promover o desenvolvimento de Londrina e do Paraná, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, honesta e onde a desigualdade social seja cada vez menor.

Os ataques contra a imprensa, sucessivos e crescentes, mostram que muitos que ocupam cargos nos diversos poderes não conseguem aceitar um dos papéis mais essenciais do jornalismo, que é a investigação de fatos. Função que depende de uma imprensa livre, atributo defendido com toda a força pelos jornais e pelos jornalistas que, felizmente, não estão em extinção.

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