Os ataques aos jornalistas não são apenas contra determinados profissionais. Quando um jornalista é atacado, isso é um sinal de erosão da própria democracia. A avaliação é da relatora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para a liberdade de expressão, Irene Khan. Ela se referia especificamente aos assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, ocorridos na Amazônia.

Kahn cobrou punição dos responsáveis e comparou a situação com a guerra na Ucrânia. "Sabemos que dez jornalistas foram mortos no conflito na Ucrânia. Mas, quando vemos isso acontecer em países como o México ou o Brasil, a morte de cada jornalista sob essas circunstâncias é um ataque à democracia." Para ela, o desaparecimento e morte de profissionais da imprensa em países democráticos são ainda mais preocupantes porque a liberdade da mídia e a segurança de jornalistas são fundamentais para o processo democrático.

E como o jornalismo é fundamental para a democracia, a ausência dele representa risco para toda a sociedade. E aí está o risco dos chamados desertos de mídia, regiões que não contam com jornais ou emissoras de rádio para tratar dos assuntos locais. As discussões políticas que deveriam ocorrer por meio da imprensa local, dessa forma, não ocorrem, e isso muda a política local.

A tecnologia digital revolucionou o mundo e as formas de comunicação. O acesso a todo tipo de informação ficou mais fácil. O que ocorre de um lado do mundo, é rapidamente replicado e disponibilizado. Esse é mais um motivo que explica a importância do jornalismo profissional. Sem esse trabalho, a disseminação de fake news torna-se um elemento ainda mais vil da vida moderna.

Como bem destaca Irene Kahn, o problema é o alcance atual. “Informação e desinformação existem desde a antiguidade. O que está acontecendo hoje com a tecnologia digital é o poder da amplificação. Não é tão simples como quando alguém vai para a praça pública e grita uma mentira. Seja o que for que uma pessoa disser no Twitter, isso será transmitido para milhares ou centenas de milhares de pessoas, dependendo do tamanho da conta”, lembra a relatora da ONU.

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