No dia 17 de junho de 2013, o Brasil fervia e um imenso ato tomou conta de algumas das mais importantes vias de Londrina. Manifestantes foram às ruas para reivindicar. O “cardápio” dos pedidos era diverso, desde gritos contra a corrupção a críticas ao preço da tarifa de ônibus. E os ecos daquela noite de segunda-feira são alvo de análise em reportagem especial publicada nesta edição da FOLHA.

Naquela noite, os participantes do protesto reuniram-se em frente ao Teatro Ouro Verde. Desceram a Higienópolis e, perto do cruzamento com a JK, reprimiram os que queriam uma oportunidade de divulgar seu partido político.

Na sequência, seguiram firmes até a Madre Leônia Milito, alcançando as partes novas e menos sofridas da cidade. A grande passeata serpenteou também a Ayrton Senna, a Maringá, a Leste-Oeste. Até a dispersão no Terminal Urbano não faltaram pernas, cordas vocais e a companhia das buzinas, de apoio e de irritação. Ao fim e ao cabo, não era só uma marcha que vencia o espaço. Era uma manifestação em sintonia com o avançar do tempo.

A FOLHA escalou dois professores universitários, doutores em Filosofia, para tentar contribuir no esforço de tradução daquela onda nacional que também quebrou em Londrina em junho de 2013.

“Na minha perspectiva, o Brasil fez parte de um ciclo de revoltas democráticas de caráter global, como a Primavera Árabe, o Occupy Wall Street, o Movimento M15. São movimentos relacionados ao fato de que a democracia não entrega o que promete e também ao fim do ciclo de prosperidade econômica que acaba com a Crise de 2008, um colapso do modelo de excesso de produção e de pouca distribuição. As pessoas queriam um estado mais eficiente e havia uma crise no sistema político naquele momento”, explica Clodomiro Bannwart Júnior.

Para Elve Cenci, “em termos políticos, 2013 culminou na eleição de Jair Bolsonaro e no fortalecimento de uma nova direita organizada, atuante e hoje predominante no Congresso”. “Também fez ressurgir uma extrema direita com pautas antidemocráticas que, imaginava-se, estivessem sepultadas após a Constituição de 1988”, avalia.

O contexto atual mostra, na opinião de Bannwart, que as Jornadas de Junho ainda não foram superadas. “São dez anos de crise econômica, social e institucional, permanente instabilidade política e ataques constantes à democracia”. Uma história que ainda está sendo escrita.

Obrigado por ler a FOLHA!