Sob a sombra da pandemia do século, os Jogos Olímpicos, realizados no Japão, abrem oficialmente na sexta-feira (23), mas por causa da ameaça da Covid-19 não têm a simpatia da população japonesa que sabe dos riscos de receber milhares de pessoas em seu país, vindas de todas as partes do mundo.

Até esta semana já estavam confirmados 71 casos de Covid entre pessoas credenciadas para o evento - 40 do Japão e 31 vindas do exterior. A situação fica mais preocupante quando se sabe que há casos entre os atletas, como Thabiso Monyane e Kamohelo Mahlatsi, jogadores de futebol da África do Sul, Ondrej Perusic , jogador de vôlei de praia da República Tcheca, e Kara Eaker, ginasta dos EUA. Há também o caso de uma pessoa não identificada na Vila Olímpica que está com a doença, mas não é atleta. Eles estão isolados em seus quartos, recebendo alimentação na porta e fazendo a testagem.

Em vista disso, várias pesquisas de opinião mostram que os japoneses, em sua maioria, não concordam com a realização dos Jogos e isso afeta, inclusive, as marcas patrocinadoras. A Toyota já comunicou que seus executivos não participarão do evento.

Mas nem só a Covid pesa na realização das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio. Situações no mínimo inusitadas também fazem parte do pacote de assombrações dos Jogos. O compositor Keigo Oyamada, 52 anos, renunciou ao seu cargo na direção artística do evento depois que vieram à tona denúncias de que teria praticado bullying, anos atrás, contra colegas de escola que tinham deficiências. A situação piorou com o resgate de entrevistas em que Oyamada se gabava das ofensas desferidas contra essas pessoas, algumas bem pesadas e até mesmo escatológicas.

Para coroar um ano ingrato com o sentimento olímpico, na semana passada o atleta de levantamento de peso de Uganda Julius Sekitoleko sumiu da Vila Olímpica, deixando no seu hotel um bilhete em que dizia querer trabalhar no Japão porque a vida em seu país é muito difícil, o que dá a medida das dificuldades enfrentadas por atletas de países pobres que sonham com o ouro olímpico e também com situações mais modestas como simplesmente melhorar a condição de vida.

Apesar de tudo, nesta quarta-feira (21), a seleção feminina de futebol faz sua estreia antecipada nos Jogos, que têm a cerimônia oficial de abertura na sexta. Sob o comando da técnica sueca Pia Sundhage, o Brasil joga contra a China em Tóquio, um programa e tanto para quem se dispusesse a acordar às 5h para assistir à partida na TV, apesar do frio. Sob a liderança de Marta e Formiga, o Brasil leva ao Japão a delegação com o maior número de jogadoras nordestinas de sua história, resta desejar muita saúde e muitos gols às meninas.

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