Informe Folha
PUBLICAÇÃO
sábado, 15 de abril de 2000
Tempo quente
A surpreendente fita divulgada pelo prefeito Antonio Belinati (PFL), revelando que vereadores o procuraram para pedir dinheiro (quilômetros, na linguagem cifrada), para não levar adiante a Comissão Processante aberta contra ele por suposto uso indevido de recursos públicos, caiu como uma bomba ontem em Londrina. O efeito foi imediato: Orlando Bonilha (PDT), o presidente da Comissão e um dos interlocutores do prefeito na fita, poderá ser expulso do partido e tem a carreira política comprometida. Ainda não se sabe como se dará a continuidade dos trabalhos da CP. As atenções se voltam agora para a Câmara, abalada pelas denúncias. Nesta segunda-feira, cópias da fita serão entregues ao Ministério Público, Justiça e Polícia Federal, abrindo novas linhas investigatórias e recheadas, sem dúvida, de ataques e contra-ataques públicos, bem ao estilo do que a população assiste nos últimos meses. Se a cidade já vinha num clima instável motivado pelo escândalo Ama-Comurb, o tempo tende a esquentar de vez com a fita na qual negociam-se até prazos de pagamento para as propinas, e ainda sem juros...
Gravação
Em 31 anos de vida pública, nunca me vi na contingência de ter que gravar conversas, mas o objetivo deste vereador (Bonilha) não era apurar nada, e sim extorquir o prefeito, disse Belinati aos repórteres que foram à sua chácara assistir à sessão com a fita. Ele afirmou ter revelado ao Ministério Público que vinha sofrendo chantagem de vereadores.
Só agora
Os membros do Movimento pela Moralidade, em Londrina, atacaram o fato de somente agora o prefeito ter revelado a fita, já que a gravação data de 28 de fevereiro. A justificativa de Belinati: estava na iminência de colher mais material e de documentar outras eventuais propostas indecentes. A fita era mesmo explosiva, até pelos rojões que espocaram no portão da chácara do prefeito, na carreata furiosa que o Movimento fez até lá no mesmo instante em que ela era revelada.
Para onde?
O desafio maior da Câmara de Londrina agora é levar adiante uma investigação respaldada pela credibilidade. Além de providenciar uma CP descontaminada (a atual foi aprovada por uma curiosa unanimidade), o Legislativo terá que conviver com uma situação interna absolutamente deconfortável. Renato Araújo, presidente da Câmara e até ontem sob licença médica, não gostou nada da história da fita. Mesmo com certa dificuldade para falar, distribuiu bordoadas verbais para todos os lados. Um radialista traduziu, numa frase, o momento vivivo por Londrina: Ninguém arrisca qualquer palpite sobre o que pode acontecer na cidade.
Enrascada
Foi notícia das agências durante a semana. O presidente da Funai, o paranaense Carlos Frederico Marés, que demitiu Villas-Bôas logo que assumiu a função a convite do presidente no final do ano passado, se meteu em nova confusão. Desta vez, com o também paranaense e ministro do Esporte, Rafael Greca. Marés criticiou o trabalho de Greca na organização da festa dos 500 anos e estaria com o seu cargo por um fio.
Liderança
O governo Jaime Lerner pode ficar tranquilo, desde que não escancare o seu apoio a nenhum candidato a prefeito do PFL em Foz do Iguaçu. A troca de comando da bancada do PSDB na Assembléia não poderia ser mais conveniente. O ex-secretário da Defesa do Consumidor Sérgio Spada assume a partir de amanhã a liderança, no lugar de Antonio Baratter, o mais governista dos tucanos. Spada age como a maioria dos deputados tucanos e também faz jogo duplo, dividindo-se entre dar apoio a Lerner e a Alvaro Dias.
Panos quentes
O Poder Judiciário informou, através de sua assessoria, que está apenas em fase de estudos a proposta que aumenta em 100% os preços das custas judiciais. E que a matéria, antes de ser encaminhada em forma de anteprojeto de lei para a Assembléia, passa pelo crivo dos desembargadores que integram o órgão especial.
Silêncio
O presidente do Tribunal de Justiça, Sydney Zappa, está em estado de graça. Com o fim da greve dos serventuários, anunciada na sexta-feira, o desembargador está livre, por ora, dos apitos e do caminhão de som contratado pelos grevistas para o protesto salarial.
Irritação
Zappa nunca escondeu a sua irritação com o barulho promovido diariamente pelo comando de greve. No terceiro dia de paralisação, não teve dúvidas e mandou o batalhão da Polícia Militar tirar a força o caminhão estacionado em frente ao Palácio da Justiça, no Centro Cívico. A ação policial foi desastrosa e o desembargador teve de engolir as manifestações em alto e bom som.
Abstêmio
Giovani Gionédis viu ponta de maldade na nota dando conta que a festa preparada por seus aliados próximos, para comemorar 45 anos, na terça-feira que passou, em seu gabinete na Fazenda, foi regada a uísque. Só tinha guaraná e coca-cola!
Requião 1
A assessoria jurídica da vice-governadora Emília Belinati (PTB) entra ainda neste final de semana, junto ao plantão da Justiça, com uma ação contra o programa do PMDB levado ao ar na noite de sexta-feira, no qual o senador Roberto Requião (PMDB) a acusa de utilizar recursos públicos para uma cirurgia plástica. Além de pedir a retirada do programa, o recurso também será contra o senador.
Requião 2
Segundo a assessoria de Emília, Requião fez as afirmações com base em documentos encontrados na casa do empresário Cassimiro Zavierucha, o Carlos Júnior. A argumentação dos advogados é que a afirmação do senador se baseia em uma anotação manuscrita, que não comprovaria nada contra a vice-governadora. Além disso, ressaltam que toda a documentação ainda está sendo analisada pelo Ministério Público.
Vapt-Vupt
O PPS aprovou três moções durante congresso encerrado ontem em Curitiba. Uma delas coloca a fidelidade partidária como pré-requisito para o registro de candidaturas. A outra, proíbe o nepotismo. E uma terceira obriga os candidatos a autorizarem a quebra de seus sigilos bancário e fiscal, caso venham a ser eleitos.
O senador Roberto Freire, o ex-ministro Ciro Gomes e o presidente estadual do PPS Rubens Bueno comandaram o encontro. Freire também cumpriu agenda em Almirante Tamandaré. O PPS do município agendou encontro entre o senador e a viúva de Miguel Donha, presidente do partido na cidade assassinado no dia 22 de janeiro deste ano.
Se estivesse vivo, Aníbal Khury apoiaria com certeza a candidatura de Heinz Herwig ao Tribunal de Contas. Mas o secretário não está sem padrinho. Lerner já assumiu que quer ver seu aliado conselheiro do TC.
De Curitiba, com redação e sucursais
