Relatório final
A comissão de sindicância criada pelo governo para investigar o envolvimento da polícia com o narcotráfico entrega hoje, às 15h30, o relatório final das investigações ao governador Jaime Lerner (PFL), sem o depoimento do ex-delegado geral João Ricardo Képes Noronha, que saiu do seu esconderijo ontem com a revogação de sua prisão. O relatório ratifica as informações prestadas no relatório preliminar, entregue há 10 dias, e reafirma a necessidade de investigações rigorosas contra 17 policiais (13 investigadores e quatro delegados, dentre eles Noronha). Todos, com metade dos vencimentos cortados até o esclarecimento dos fatos e conclusão dos processos administrativos e disciplinares. O chefe da Casa Civil, José Cid Campêlo Filho, presidente da comissão, disse que Noronha teve sua chance para se explicar, mas declinou do convite feito pela comissão para prestar depoimento ainda na semana passada.

Mais controle
O relatório sugere ainda reformulação intensa do Estatuto da Polícia Civil, criando alternativas para um controle maior. ‘‘Seria como pensar num controle externo da Polícia, mas que pode ser executado pela própria Corregedoria’’, adiantou Campêlo.

Euforia
A sessão que julgou o pedido de prisão de Noronha ontem parecia ‘‘decisão de campeonato’’. Advogados, delegados, estagiários e funcionários do TJ lotaram a 3ª Câmara Criminal. E a comemoração do resultado favorável a Noronha não poderia fugir ao clima. Abraços emocionados entre os advogados, baforadas de charutos, ao som de celulares tocando a todo instante.



Pavão
A vitória de Noronha deixou seu advogado Luis Alberto Machado um ‘pavão’. Antes da coletiva, disse que
não conseguia lembrar o nome ‘‘daquele delegado que fala estranho’’ – Adauto de Oliveira, do Grupo Fera –, porque era tão ‘‘insignificante’’ quando foi seu aluno no curso de Direito. E não parou por aí. Machado, que gosta de ser chamado de ‘professor’, disse que se sente na ‘‘obrigação profissional’’ de pedir a suspeição de Rogério Etzel, juiz que decretou a prisão de Noronha.

Ironia
‘‘Alienígenas estão ajudando nas investigações da CPI?’, indagou Noronha, ao se referir à revelação exclusiva da Folha de que caminhões encontrados num galpão de São José dos Pinhais não pertencem a Paulo Mandelli – empresário acusado de comandar o roubo e desmanche de carros com a suposta cobertura de Noronha – e sim a inadimplentes da Leasing do Banco Santander.

Repique 1
O Ministério Público reagiu com indignação às considerações feitas por Fernando Carli (PPB), relator da CEI da Assembléia, ao comentar que os procuradores e promotores do Paraná não tomaram nenhuma atitude à omissão da Corregedoria da Polícia Civil, no caso do narcotráfico. ‘‘O Ministério Público jamais se omitiu, contemporizou ou recuou de seu dever legal de exercer o controle externo da atividade policial’’, diz nota oficial.

Repique 2
‘‘Quando se crê estar o Ministério Público silente e inativo em relação a tão grave incumbência, neste exato momento promotores estão a sofrer, em várias comarcas, toda sorte de ameaças, constrangimento e intimidações, fruto justamente de um controle externo exercido com firmeza muito antes da instalação da CPI do Narcotráfico’’, segue outro trecho do documento, assinado pelo procurador-geral Marco Antonio Teixeira.

Homônimo
O chefe do Departamento de Licenciamento do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Pedro Dias, levou um susto ao ler que o governo vai exonerar um homônimo seu da Casa Civil, por apropriação indébita de recursos públicos.

Coquetel
O gabinete de Giovani Gionédis virou um salão de festas ontem à noite. O secretário da Fazenda comemorou seus 45 anos com um coquetel em grande estilo. Festa restrita aos mais íntimos, depois do expediente, e com uísque de primeira linha liberado.

Arrastão
O Sindijus percorreu os gabinetes dos desembargadores ontem para entregar cópias de fitas com as imagens da ação desastrosa da PM, na tentativa de tirar à força caminhão de som contratado pelos manifestantes na campanha pelos 53,06% de reposição salarial. A intenção é ver se algum desembargador consegue sensibilizar o presidente do Tribunal de Justiça, Sydney Zappa, que ao que tudo indica está irredutível.

Desligamento
Corria a versão ontem de que o desembargador Cyro Crema não estaria mais respondendo pelos processos envolvendo denúncias contra a administração pública de Londrina, inclusive o que envolve a Comissão Processante solicitada pelas entidades da sociedade civil. A Folha ligou para a Divisão Judiciária do Tribunal, para checar a informação, mas a substituição não foi confirmada pelo atendente.

No escuro
O prefeito Antonio Belinati (PFL) teve azar em seu segundo programa veiculado ontem pela CNT. A energia elétrica acabou na metade do programa, que tem cinco minutos de duração. Ele ainda esperou com assessores pela volta da luz, mas foi em vão.

De volta?
Belinati almoçou ontem no Parque Ney Braga acompanhado de diretores da Sociedade Rural do Paraná, de assessores e da ex-chefe de gabinete Sandra Graça. Ela teria manifestado intenção de voltar ao cargo que deixou há duas semanas. Na época, saiu por causa da exigência da lei eleitoral de desincompatibilização para quem vai se candidatar a vereador. Sandra é do PSB.

Perguntinha
Foi impressão ou puro teatro a performance de Ricardo Noronha ontem?
Vapt-Vupt
• O senador Osmar Dias (PSDB) quis saber do presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), prefeito de Iretama Same Saab (PSDB), quem era o outro careca do encontro que reuniu, além do senador, o ministro da Saúde, José Serra e o presidente da Associação dos Municípios do Paraná, o cabeludo Same Saab.
• ‘‘Eu respondi ao Osmar que era só ele se olhar no espelho’’, voltou a brincar Same, que aproveitou para anunciar: o encontro dos prefeitos com o ministro será no dia 8 de maio, em Maringá. O local e o horário ainda estão indefinidos.
• O PFL vai ter candidato próprio em Paranaguá, nas eleições deste ano. Segundo nota oficial distribuída pelo partido ontem, João Elísio Ferraz de Campos descarta qualquer possibilidade de coligação com o PSDB.
De Curitiba, com redação e sucursais