O consumo de cerveja que migrou dos bares para as casas durante a pandemia no Brasil não voltou aos patamares anteriores com a reabertura da economia.

Muito impactado pela pandemia da Covid-19, o setor ainda tenta se recuperar das perdas sofridas nos primeiros anos da crise do Sars-CoV-2. Se a crise sanitária impôs muitas mudanças de comportamento e cultura, uma delas, a de consumir bebida alcoólica dentro de casa, parece estar demorando mais para "voltar à normalidade". Ou seria esse o "novo normal"?

No Paraná, em 2020, primeiro ano da pandemia, a produção e o faturamento das indústrias cervejeiras caíram 80%. A partir de 2022, a atividade iniciou a fase de retomada, mas além da mudança de comportamento dos consumidores, questões macroeconômicas dificultam o processo e os resultados ainda estão bem distantes do período pré-pandemia, principalmente paras indústrias menores.

Nas previsões menos otimistas, a recuperação só virá entre 2024 e 2025.

LEIA TAMBÉM:

Como a pandemia mudou o rumo das cervejas artesanais

“No momento, houve uma melhora, obviamente, comparado com o auge da pandemia, em que todos os estabelecimentos estavam fechados e era impossível comercializar. Mas os reflexos da cadeia estão muito fortes no momento e acredito que a gente não tenha recuperado ainda nem perto do que a gente tinha no período pré-pandemia”, avaliou Rodrigo Frigo, diretor de Interior da Procerva (Associação das Microcervejarias do Paraná), em reportagem que a FOLHA publica nesta segunda-feira (12).

Especialistas ouvidos pela reportagem colocam as mudanças de comportamento, as dificuldades econômicas, os custos de produção da bebida e a carga tributária como alguns dos componentes da demora para que o setor cervejeiro retome os resultados positivos de antes da pandemia.

A Abracerva (Associação Brasileira da Cerveja Artesanal) já se articula junto ao governo federal para tentar reduzir os impostos incidentes sobre a atividade.

LEIA TAMBÉM:

Número de divórcios cai 10% em 2022 após alta na pandemia

A geração de empregos diretos e indiretos é um dos argumentos utilizados pela Abracerva nas discussões. "Proporcionalmente, as pequenas cervejarias geram mais empregos que as grandes, que têm uma automação presente. As pequenas não têm acesso a capital, tecnologia, muitos equipamentos ainda são importados. Como associação, uma das missões é mostrar ao governo que não dá para cobrar o mesmo imposto de uma cervejaria que faz dez mil litros e de uma grande, que faz bilhões de litros", afirmou o presidente da entidade, Gilberto Tarantino.

Hoje, quando a questão da Reforma Tributária ganha força no Congresso, parece ser o momento adequado para as entidades que representam as cervejarias artesanais apresentarem as suas reivindicações no sentido de aliviar a carga de impostos.

Obrigado por ler a FOLHA!