Indicadores de qualidade da educação
As nações que passaram menos tempo com escolas fechadas foram as que conseguiram manter ou melhorar os resultados educacionais
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 06 de dezembro de 2023
As nações que passaram menos tempo com escolas fechadas foram as que conseguiram manter ou melhorar os resultados educacionais
Folha de Londrina
A necessidade de investimento para aumentar a qualidade da educação no país é consenso. A cada campanha eleitoral, candidatos de todos os espectros políticos prometem priorizar esforços para melhorar as condições de ensino para que possamos atingir indicadores mais favoráveis.
E a verdade é que tal prioridade absoluta nunca é colocada em prática. Uma prova disso é que o Brasil não consegue desempenho digno de elogios em rankings comparativos. É corriqueiro que os nossos números fiquem abaixo até de países mais pobres.
Mais um exemplo dessa realidade é o resultado do Pisa 2022, divulgado ontem pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O estudo leva em conta o aprendizado dos alunos em três áreas de conhecimento: matemática, leitura e ciências.
Esses são os primeiros indicadores que permitem comparar o impacto da pandemia do coronavírus - e do consequente fechamento de escolas - em diferentes locais do mundo. Foram avaliados 690 mil estudantes de 15 anos, em 81 países.
As nações que passaram menos tempo com escolas fechadas no período foram, consequentemente, as que conseguiram manter ou melhorar os resultados educacionais. E o Brasil, como se sabe, ficou entre os países que tiveram a interrupção de aulas presenciais por mais tempo.
O desempenho dos alunos brasileiros, portanto, seguiu a tendência mundial de queda nas três áreas, ainda que tenha tido perdas menos acentuadas que a média dos países-membros da OCDE. A área mais afetada entre os brasileiros foi matemática, em que a nota caiu de 384 para 379, entre 2018 e 2022.
Em leitura, o desempenho dos estudantes daqui passou de 413 pontos, em 2018, para 410, em 2022. Também houve queda na média de ciências, que passou de 404 para 403 pontos no mesmo período.
No ranking de matemática, o Brasil passou do 71º lugar para 65º, mas ainda segue distante da média da OCDE, que foi de 472 pontos, e continua atrás de países como a Arábia Saudita, Peru, Costa Rica e Colômbia.
Os resultados mostram ainda que 70% dos estudantes brasileiros têm um desempenho em matemática abaixo do considerado básico para a idade. Esses jovens não alcançaram, segundo a OCDE, um nível de proficiência adequado para "participar plenamente da sociedade" - não conseguem usar os conceitos matemáticos para resolver problemas cotidianos.
Uma constatação que é preocupante para um país que precisa alavancar o crescimento econômico e avançar em indicadores de desenvolvimento humano. E é consenso que resultados positivos nessas áreas só são possíveis com o avanço da qualidade da educação.
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