Após uma década de espera, finalmente 144 famílias receberam as tão sonhadas chaves de seus apartamentos no residencial Alegro Village, no conjunto Jamile Dequech, na zona sul de Londrina. A entrega ajuda a reduzir o déficit habitacional na cidade, mas um outro problema mais complicado persiste. O governo federal anunciou que descarta concluir obras do Flores do Campo, na zona norte.

A União vê a retomada do projeto como inviável e deverá propor uma compensação ao município com a construção do mesmo número de moradias em outro local. O empreendimento, iniciado em 2013 e paralisado em 2015 devido à falência da construtora responsável, deveria ter sido concluído em 2015, mas a obra foi interrompida com apenas 46% de execução. Hoje, a área é ocupada irregularmente por cerca de 600 que enfrentam condições precárias de moradia, sem infraestrutura básica como asfalto, famílias, esgoto e energia elétrica regularizada.

Esse cenário não só gera prejuízos sociais e econômicos para essas famílias, mas também impõe um custo à cidade e ao estado, com a ocupação de um terreno que poderia ser usado para novas construções, além de representar um desafio jurídico e administrativo que ainda precisa ser solucionado. A desistência do Governo Federal em concluir as obras e a falta de uma solução concreta sobre o destino do local evidenciam a falta de planejamento e de políticas habitacionais eficazes para lidar com tais situações.

Atualmente, de acordo com dados do próprio governo federal, em seu portal do Minha Casa Minha Vida, mais de 40 empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida permanecem incompletos no estado, com mais de 3,3 mil unidades habitacionais ainda não entregues, sendo 1,6 mil nas regiões Norte e Norte Pioneiro. Esses projetos inacabados agravam a situação da população mais pobre, que depende do programa para ter acesso à moradia digna.

Uma possível solução para esses problemas seria a iniciativa #BotaPraAndar, lançada pelo Governo Federal em março deste ano. O programa visa retomar as obras paralisadas do Minha Casa Minha Vida, com a participação de instituições como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e as prefeituras municipais. Embora já tenha sido implementado em outros estados, o Paraná ainda não recebeu essa força-tarefa, o que aumenta a incerteza sobre a retomada dos projetos habitacionais no estado. Além disso, o corte de gastos no Governo Lula coloca em risco a continuidade dessas iniciativas, o que preocupa ainda mais aqueles que aguardam pela casa própria.

Enquanto a entrega do Alegro Village é um motivo de celebração, o caso do Flores do Campo e as obras paralisadas no Paraná ilustram os desafios ainda não resolvidos no campo da habitação. A retomada das obras e o cumprimento das promessas do Minha Casa Minha Vida são essenciais para que o estado avance na superação do déficit habitacional e, principalmente, para que as famílias de baixa renda possam, finalmente, ter acesso a uma moradia digna.