Se as geadas do fim de junho já causaram prejuízos às lavouras que ainda estão sendo contabilizados, uma nova onda de frio deverá se intensificar entre os dias 17 e 21 de julho nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A massa polar poderá se refletir até mesmo no Nordeste e Norte do País. No Sul, as chances de geadas e até de neve são altas com a nova onda de frio que será uma das mais intensas do ano, segundo a meteorologia. Na segunda quinzena de julho, segundo o Metsul, há previsão do ingresso de uma ou duas massas polares no País, mas também maior probabilidade de chuvas, o que é um boa notícia depois de tanta estiagem.

.Com as primeiras geadas, a safrinha do milho foi uma das mais atingidas. Aqui mesmo na região de Londrina há áreas grandes que já estavam a ponto de serem colhidas, completamente queimadas, mas Cascavel foi o município que registrou mais perdas. O que sobrou do milho está sendo triturado para fazer ração para o gado porque tudo se aproveita no campo, mas são visíveis os estragos também nas plantações de café, mandioca, hortaliças e frutas. Do trigo se salvou um pouco, já que é cultura de inverno e mais resistente. Mas estima-se que no Centro-Oeste 30% das safras de milho foram perdidas, no Paraná a estimativa sobe para 33%, o que é preocupante no País que já sofre com a inflação que atinge sobretudo os alimentos. Os preços nos supermercados estão aí para quem quiser conferir.

Antes da chegada da nova onda fria, o tempo permanece ensolarado e firme, inclusive com níveis críticos de umidade no ar devido à seca que é outro fator preocupante este ano, como indicam as baixas nos reservatórios de água que já ameaçam o abastecimento. Com tudo isso, o clima transforma-se cada vez mais num dos pontos mais preocupantes no Brasil e no mundo, apesar dos negacionistas. A falta de chuvas e as secas cada vez mais severas, inclusive no Paraná, irrefutavelmente, devem-se muito à ação humana.

Que as estiagens prolongadas e as ondas de frio - e nem se sabe qual o maior vilão deste binômio - sirvam de alerta sobre a importância do clima. Sem o favorecimento de temporadas de chuva a agricultura sofre mais, ainda que esteja há milhares de quilômetros da devastação que atinge de forma crítica estados do Norte e do Centro-Oeste. E antes que o inverno mais intenso sirva à ignorância de quem proclama por aí que "não existe aquecimento global se há quedas expressivas de temperatura", não custa lembrar que o aquecimento do planeta e a ação humana - especialmente na relação de destruição de florestas e aumento de CO2 na atmosfera - é uma conexão estabelecida há cerca de 150 anos e feita através de médias anuais que acendem, cada vez mais, o sinal vermelho.

A FOLHA deseja um clima ameno a seus leitores!