O direito à liberdade de expressão e à livre manifestação política é assegurado pela Constituição Federal. A rivalidade partidária, quando restrita ao campo das ideias, é salutar em uma democracia constituída.

Quando o embate foge da esfera dialética e a violência ganha terreno, é hora de todo cidadão parar para refletir para onde o ódio nos conduz.

Uma amostra do potencial nocivo da polarização exacerbada que toma conta do país foi o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, dirigente do PT (Partido dos Trabalhadores) que comemorava seu aniversário de 50 anos em uma festa com amigos e familiares em uma associação de Foz do Iguaçu.

A temática da festa era o próprio partido. Segundo os participantes, ao tomar conhecimento, o policial federal penal Jorge José da Rocha Guaranho parou o carro em frente ao local onde se dava a comemoração e começou a provocar os participantes, gritando o nome do presidente Jair Bolsonaro.

Após discussões, ele saiu com o carro prometendo voltar. Guaranho retornou e, então, desferiu dois tiros em Arruda que, mesmo atingido, conseguiu revidar cinco disparos no atirador. Arruda morreu no local. Guaranho foi levado para a UTI. As autoridades chegaram a confirmar a morte dele, mas, no final da tarde, informaram que ele estava internado em estado grave.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o ocorrido, porém, pelos relatos das testemunhas, fica evidente uma motivação político-partidária neste crime.

Será esta barbárie em terras paranaenses uma fagulha do que poderemos encontrar durante os próximos meses em todo o país?

A repercussão do caso nas redes sociais dá mostras que há motivos para preocupação. Enquanto parcela da população reage incrédula à notícia, outra parte parece querer apagar o incêndio com gasolina, insuflando correligionários a tomar partido e usar a violência contra quem pensa diferente.

No ano que marca os 200 anos da nossa independência, a sensação é que ainda teremos mais alguns séculos de marcha rumo a uma nação civilizada. Em momentos como este, é preciso que as vozes democráticas e as entidades prevaleçam para evitar uma escalada irreversível da violência resultante de ódio político-partidário.

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