Por que é importante que se divulgue publicamente os bens das pessoas que disputam uma eleição? De maneira alguma é uma invasão de privacidade. Trata-se de uma ferramenta importante de transparência da vida de um agente público. São esses dados que vão permitir que a sociedade e os órgãos de fiscalização façam o acompanhamento da evolução dos bens dos políticos.

Esse acompanhamento tem que ser feito ao longo da vida pública das pessoas que exercem ou exerceram uma carreira política. Ao assumir o cargo, um parlamentar, um governador, prefeito e presidente têm oportunidade de fazer uma grande rede de influência e se beneficiar dela para aumentar o próprio patrimônio. E a história do Brasil vem mostrando que isso acontece com frequência por aqui de forma antiética, imoral e custando caro aos cofres públicos e à sociedade.

Na edição desta quarta-feira (30) a FOLHA trouxe reportagem informando a declaração de patrimônio dos 10 candidatos à prefeitura de Londrina. Somados, os bens dos 10 candidatos chegam a R$ 16,9 milhões, montante quase 460% acima do que o declarado pelos oito "prefeituráveis" de 2016, que juntos somavam bens que chegavam a R$ 3.036.925,64.

É claro que divulgação patrimonial não garante transparência à medida em que não é difícil burlar o sistema. A omissão das valorização dos bens é uma das artimanhas que os mal-intencionados utilizam. É uma manobra que permite que os políticos declarem ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um patrimônio menor do que o real. Lembrando ainda que a transferência de bens para familiares é outra maneira do candidato enganar o eleitor disfarçando poder econômico adquirido.

É o momento também de acabar com a " velha máxima" de que milionário que entra na política "não precisa roubar porque já é rico". Trata-se de um conhecido argumento que os fatos vêm desmistificando no Brasil enquanto mostra que ganância e política se encontram em muitas vias do poder.

Óbvio que a evolução de patrimônio não é sozinha indicação de desonestidade. Mas dependendo da cifra e da velocidade do enriquecimento, é preciso desconfiar, checar e denunciar às instituições responsáveis pela fiscalização e investigação. Hoje, com acesso à internet, todo cidadão pode verificar essas informações apenas acessando o site do TSE.

Política jamais deveria ser um "balcão de negócios" e nem um "trampolim" de enriquecimento. A fortuna construída rapidamente e facilmente por um agente público muitas vezes significa infortúnio para o povo.

Obrigado por acompanhar a FOLHA!