Finados: dia de oração, de amor e solidariedade
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quarta-feira, 02 de novembro de 2022
Padre Rodolfo Trisltz,
Respeito e homenagens. É assim que nos voltamos para a lembrança de nossos amigos e familiares já falecidos. Seja com lágrimas ou com sorrisos, seja com saudade ou com nostalgia, seja com dor ou não, a memória dos mortos é cultivada entre nós como uma maneira de reverenciá-los. Além, é claro, de nos recordarmos da finitude da vida, da nossa condição mortal, que nos coloca em posição de passageiros por aqui. Afinal, a vida eterna nos espera e é para esta grande viagem que nos preparamos ao longo da nossa jornada.
O Dia de Finados, portanto, celebrado sempre em 2 de novembro, é a data marcada para celebrações e homenagens dessa natureza. É dia de visitar nossos entes queridos no cemitério ou, então, rezar por eles, caso não seja possível essa visita. Mais que isso, é dia de abrir nossos álbuns de fotos e recordar os bons momentos vividos juntos, as lembranças saudosas de cada detalhe, de cada história, de cada memória. Mesmo que tenhamos perdido algum parente ou amigo em uma situação de dor, o que ficam são as coisas boas.
Nesse sentido, a Igreja Católica acredita no que chamamos de Comunhão dos Santos, um estado sobrenatural onde existe a união entre todos os membros da Igreja, integrantes do Corpo Místico de Cristo. São eles os fieis que caminham nesta vida, os peregrinos ainda vivos (Igreja Militante); os que, ao morrer, passam pelo processo de purificação no Purgatório (Igreja Padecente); e os que, imediatamente na passagem para a vida eterna, gozam das alegrias e bem-aventuranças do céu (Igreja Triunfante).
A Comunhão dos Santos, portanto, é a grande família dos cristãos de todos os tempos, independentemente do estado em que vivamos. Esse dogma católico expressa a comunicação dos bens espirituais daqueles que foram batizados em Cristo. Assim, ao compreendermos essa realidade da vida espiritual, dotamos de maior significado e propósito a prática das orações no Dia de Finados. Não apenas, claro, mas, sobretudo, na data em que nos resguardamos para essa comunicação espiritual através da oração.
É, portanto, normal rezar pelos nossos avós que já faleceram, para que eles vivam as alegrias do Paraíso. Ou, então, pedir a intercessão de algum santo, canonizado ou não, por alguma situação da vida terrena. Lembrando que a intercessão dos santos é sempre a Jesus, único mediador entre o ser humano e Deus. Afinal, embora a palavra finados signifique, justamente, algo que se findou, acabou ou morreu, nossa fé nos leva a crer que, na realidade, a morte é apenas uma passagem para uma outra etapa da vida, a vida eterna. E, por isso, estamos em comunicação espiritual, através da oração, com nossos irmãos já falecidos.
A oração pelas pessoas falecidas é um ato de amor, uma expressão de fé por quem morreu, a fim de que, no momento da morte, essa pessoa tenha se decidido por Deus, tenha escolhido render-se a Deus. Ou, ainda, que a alma da pessoa morta se encontre com nosso Criador. Rezar pelos falecidos é um gesto de solidariedade que ultrapassa uma barreira que não é física, que não tem um limite.
Por isso é que, no dia anterior, 1º de novembro, a Igreja Católica celebra ainda o dia de todos os santos, uma data marcada pela oração por todas as pessoas que já morreram e que desfrutam da vida eterna no Paraíso. Afinal, todos aqueles que alcançaram a graça do Paraíso são santos, mesmo que não sejam conhecidos como alguns específicos, canonizados pela Igreja Católica. Enfim, são dias de muita oração, de homenagens e de nostalgia. Dia de recordar os ensinamentos e os aprendizados. Dia de celebrar a vida, a comunhão e o amor.
Padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida do Norte do Paraná, na Vila Nova em Londrina.
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