O dano ao patrimônio público é uma das formas mais comuns de demonstração de falta de senso de civilidade e de coletividade. Destruir por destruir é, infelizmente, um ato comum no País. O brasileiro convive com o vandalismo como se o ato não fosse criminoso, como se fosse uma realidade inevitável.

Nos últimos dias, três situações chamaram a atenção da população paranaense. A primeira foi a destruição da Ponte Pênsil Alves Lima, que liga as cidades de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro, e Chavantes, em São Paulo, no último fim de semana. A estrutura de madeira foi inaugurada em 1920 e é tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná e de São Paulo. No entanto, foi destruída por um incêndio. As investigações apontam que o fogo pode ter sido provocado de forma criminosa.

Outra ocorrência foi o furto da ‘Estátua dos Imigrantes’, do Museu Histórico da Imigração e Colonização Japonesa do Paraná, em Rolândia. A escultura de bronze foi colocada no local em 1978 e já foi visitada por diversos membros da família imperial do Japão.

Também foram os atos frequentes de vandalismo que levaram a companhia telefônica de Londrina a retirar parte das réplicas das cabines inglesas de Londrina.

Os exemplos são muitos. Cemitérios, creches, escolas, prédios públicos em geral, são alvo constante de vândalos. Para especialistas entrevistados pela reportagem da FOLHA, falta noção de coletividade e de sociabilidade a quem pratica esse tipo de ato. Muita gente não tem interesse ou noção da importância da preservação da memória para a cidade, para a sociedade.

Outro problema é a cultura individualista do brasileiro - a defesa do velho chavão de que é interessante “levar vantagem em tudo”, a chamada “Lei de Gérson”. Esse comportamento está presente no cotidiano, em ações simples como ocupar duas vagas ao estacionar, furar fila, não dar lugar aos idosos e gestantes no transporte coletivo, entre outras. E nessa lista pode entrar também a depredação.

Por outro lado, é impossível que o poder público consiga combater sozinho esse tipo de crime. Por isso é importante o envolvimento da sociedade na preservação do patrimônio público. Uma comunidade que cuida é uma comunidade que preserva. E essa consciência depende do investimento maciço em educação. Tanto na escola quanto em casa.

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