ESPAÇO ABERTO: Tuberculose no Brasil
A descoberta de lesões nos ossos de múmias egípcias, mostra que a tuberculose afeta a espécie humana desde os primórdios de sua evolução
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 24 de abril de 2023
A descoberta de lesões nos ossos de múmias egípcias, mostra que a tuberculose afeta a espécie humana desde os primórdios de sua evolução
Nelio Roberto dos Reis
O Brasil é o país com o maior número de casos notificados de tuberculose nas Américas. Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram com tuberculose, grande aumento em relação ao ano passado (informações do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde). Em 2021, foram notificados 60 mil novos casos e, 2020, 4,5 mil mortes devido a TB. Estará esta doença voltando de forma sinistra e abominável?
Tuberculosose, doença infecciosa e contagiosa, comum ao homem causada pelo bacilo de Koch , caracterizada pela formação de tubérculos que sofrem necrose e tendem a disseminar-se nos tecidos.
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A descoberta de lesões nos ossos de múmias egípcias, mostra que a tuberculose afeta a espécie humana desde os primórdios de sua evolução. Aristóteles deu-lhe o nome de tísica por causa da consumação que provoca. Foi descoberta por Kock em 1882. Contrai-se pela passagem de germe de um indivíduo doente para um sadio, diretamente pelas gotículas de saliva ou indiretamente pelos produtos de excreção. Marco importantíssimo foi a descoberta da estreptomicina por Selman Wsakem em 1944, quando aparece o combate. Pessoas sadias têm razoável resistência para esta doença, o que não acontece com outras na miséria, alcóolatras, com falta de higiene, ou em situações de superpopulação e para quem vive em promiscuidade.
Após anos de relativa queda, os números de tuberculose estão voltando a crescer no Brasil e, em alguns lugares, os casos de infectados com cepas de bactérias resistente a antibióticos. Infelizmente a tuberculose voltou a se tornar um importante problema de saúde pública.
As mortes por tuberculose aumentaram pela primeira vez em mais de uma década devido a pandemia de Covid-19, o que reverteu anos de progresso no combate a ela. Em 2020, mais pessoas morreram de tuberculose, com menor número de pessoas recebendo tratamento e gastos com serviços essenciais para esta doença. Isto se deve a toda a concentração voltadas para a Covid.
Atenções devem ser voltadas para a tuberculose, principalmente em um país onde a saúde não é priorizada. Hoje vemos dirigentes viajando e dando notícias estapafúrdias sobre guerras, ao invés de combater os problemas daqui. Preocupado com guerras tão distantes não enxergando que bandidos do Rio e São Paulo matam mais do que a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Nós, os 215 milhões de brasileiros somos parte da culpa pelos problemas que atravessamos. Gostamos de estar no cume, mas não gostamos de escalar. Gostamos das recompensas e não das dificuldades. Gostamos dos bons resultados, mas odiamos o processo. Não somos apaixonados pelas lutas, mas adoramos a vitória, e a vida não funciona assim. Temos que aprender que nossa alegria também deve estar na subida. Temos que aprender com Mark Manson, que as vezes para chegarmos em algum lugar temos que aprender a arte de ligar o “f*da-se”, arcar com as consequências e correr atrás para combater; brigar por mais segurança, uma melhor educação, investir mais na saúde e impedir a volta desta maldita doença.
Em 2020 foram registrados 143.403 casos autóctones de malária no país e 15 mil novos casos de lepra. O Brasil é o segundo em casos de lepra no mundo. Na última década registramos 30 mil casos novos por ano. Perdemos para Índia, com um bilhão e quatrocentos milhões de pessoas.
Embora tenhamos cura para a tuberculose, e necessário sair da linha da pobreza e investirmos o que pudermos em educação. Sem educação não temos evolução. Ficamos mais preocupados em eleger o capeta para que o diabo não assuma, mas não damos livros para os nossos filhos.
O Brasil é um país maravilhoso, mas enquanto não nos concentrarmos em educação, continuaremos a carregar a tuberculose, a malária e a lepra para o nosso povo.