Em nosso tempo, nesta terceira década do século XXI, é fundamental que demonstremos nossa capacidade como seres humanos, conscientes, críticos, imaginativos e criativos de que somos frutos da natureza e dependemos dela. Esta dependência impõe a necessidade urgente de adotar atitudes, comportamentos e hábitos sérios, concretos comprometidos e responsáveis para reverter nossa ação predatória e irresponsável em relação à biodiversidade planetária, tão bela e ao mesmo tempo tão impactada pelos modelos econômicos criados nos últimos séculos.

Apesar de um vasto conjunto de literaturas científicas, academias, pesquisas, institutos protocolos e acordos, parecem que ainda não compreendemos plenamente a gravidade da situação ambiental. A ONU através de suas Conferências Ambientais, O IPCC através de seus relatórios, as COPs, através de suas resoluções, os ODS 2020-30, que enfatizam os modelos sustentáveis necessários a serem implantados. Nós, através de nossos escritos, artigos, ensaios, entrevistas e as análises estabelecidas no Programa Sintonia Verde com a designação “A natureza e os humanos” em 20 episódios, realizamos uma análise consistente da situação socioambiental, apontando os desafios que teremos pela frente.

Isso tudo tem apresentado, analisado que nossa pisada e pegada ecológica nunca foi tão grande, quanto nas últimas décadas. É hora de combater a ignorância, a inoperância, o negacionismo e a ganância destrutiva de um sistema que ignora nossa dependência natural.

Temos que considerar que ainda há tempo, as próximas décadas, duas ou três décadas, serão fundamentais para tomar as atitudes necessárias, no ponto de vista econômico, político e cultural, elas permitirão a implementação de mudanças radicais e significativas para tentar normalizar nossa vivência com a biodiversidade planetária. A tarefa será árdua, mas a inatividade poderá resultar na perda irreparável do nosso habitat, o planeta Terra a nossa Casa Comum.

Sem outra morada disponível, ainda para os próximos séculos, segundo análises da NASA, a pergunta crucial é: Continuaremos a fingir que nada esta acontecendo e que não temos preocupação alguma como seres humanos conscientes, responsáveis e cuidadosos? Ficaremos acomodados esperando que as coisas melhorem sem mudarmos o rumo da economia? A resposta determinará o futuro das próximas gerações, que enfrentarão anos extremamente difíceis caso não mudemos nosso curso, ditado pela exploração e desrespeito a natureza, que nosso modo de vida orientado por um modelo socioeconômico, sociocultural que não respeita os limites da capacidade de regeneração planetária.

A decisão está em nossas mãos! Cada empresa, instituto, escola, universidade, igreja e espaço público e privado possui um papel crucial na conscientização e implementação de práticas sustentáveis. Esses atores, junto com ações concretas dos Estados/Nações, devem promover e demonstrar concretamente a construção de uma cultura sustentável, reconhecendo que este é um dos poucos caminhos viáveis, tanto teoricamente quanto metodologicamente. Tal postura deve ser estabelecida como um novo paradigma de pensar e de viver, urgente e necessário para a humanidade.

Para assegurar um futuro viável, é fundamental que todas as esferas da sociedade se engajem em um esforço coletivo, de redução de seu consumo, seus confortos, sua alienação em relação aos processos de acumulação e reprodução do capital, para promover uma cultura sustentável. Essa abordagem deve ser adotada de forma consciente, imediata, contínua e responsável, visando à preservação da biodiversidade e a manutenção da vida saudável e de qualidade em cada território planetário, caso contrário as mudanças climáticas em curso irão diminuir as possibilidades de vida em inúmeras regiões continentais, fazendo com que milhões de pessoas terão que migrar para outros territórios. A conscientização crítica e a tomada de decisão responsável são imperativos inadiáveis para garantir um ambiente habitável para as futuras gerações.

Por isso acreditamos que o tempo de hoje é importante pensar e conhecer com profundidade nossos desafios, assim como tomar decisões concretas voltadas inteiramente a uma consciência ecossocial, ecoeconômica, ecoadministrativa e ecovivencial para garantirmos o amanhã com vida plena para os seres humanos e todo tipo de vida com que convivemos. E que “Gaia” reconheça nossa consciência e atitude e, nos permita conviver com ele por mais muitos séculos.

Paulo Bassani, cientista social e ambientalista