O Grupo Folha de Londrina e, principalmente, o seu superintendente, Nicolás Mejía, estão de parabéns pela realização, na noite de 5 de setembro, no Centro de Eventos do Aurora Shopping, de Londrina, da 21ª edição do projeto Encontros Folha (iniciado em 2014), com o tema: “Inovação e Tecnologia: os novos marcos para a geração de empregos”. Foram analisadas as possibilidades do novo mercado de trabalho, bem como a necessidade de atuação constante nos caminhos para dominar as novas tecnologias. Compareceram lideranças empresariais e políticas, professores, estudantes e público em geral.

Após as palavras de abertura pronunciadas por Nicolás Mejía, palestraram o reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, professor Miguel Sanches Neto, o gerente de planejamento da Integrada Cooperativa Agroindustrial, André Galetti Júnior e a coordenadora do Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação e HUB de Inteligência Artificial, Silvana Mali Kumura. Atuou como mediador o professor Marco Antonio Ferreira, coordenador do MBA em Gerenciamento de Projetos da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, campus de Londrina.

O professor Miguel Sanches Neto fez a sua exposição sobre o projeto “Talento Tech-Paraná”, lançado em junho pelo governo do Estado e coordenado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, com a finalidade de oferecer cursos profissionalizantes na área de TIC para cerca de 3 mil estudantes do ensino médio e superior, em 50 municípios paranaenses. As palestras de André Galetti Júnior e de Silvana Mali Kumura analisaram os avanços das novas conquistas tecnológicas, notadamente na área de inteligência artificial, que têm acelerado de forma exponencial a produtividade das empresas paranaenses, especialmente da área da agroindústria. Nicolás Mejía, na sua fala introdutória, destacou que “A inovação tecnológica tem impulsionado o surgimento de setores variados como IA, biotecnologia, internet das coisas”, salientando que “dessas áreas emana força profissional especializada”.

O professor Sanches Neto considerou que o sistema de educação superior oferecido pelas universidades públicas paranaenses tem-se enriquecido enormemente, ao encarar os reptos apresentados pelas inovações tecnológicas das empresas e dos centros de pesquisa que acompanham esses eventos, como o Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação. Esse entrosamento dos centros de tecnologia e produtividade com aplicações criativas no sistema de formação profissional é hoje palpável, nos programas oferecidos pelas universidades estaduais, alargando a experiência de transmissão do conhecimento para novas gerações que vêm, nas instituições de ensino superior, lugares onde poderão renovar os seus conhecimentos e se prepararem melhor para um mercado de trabalho em processo acelerado de transformação tecnológica.

Dizia o professor Sanches Neto, na sua palestra, que os reptos tecnológicos são desafiadores especialmente para as universidades. Elas, tradicionalmente, pela sua origem medieval, passaram por inúmeras transformações ao longo da história, sendo que hoje tratam de responder, de forma criativa, aos múltiplos e inovadores processos de ensino e pesquisa. A Universidade medieval, lembremos, era definida, no século XII, como “Universitas Magistrorum et Scholarium” ou seja, como espaços abertos à universalidade dos mestres e dos alunos, onde se ensinava o saber nas suas manifestações mais variadas.

Convenhamos que, em face da apropriação do espaço acadêmico, hoje, especialmente no setor público, por militantes políticos e por modas ligadas às ideologias das minorias, as universidades perderam em boa medida a sua característica universal e de abertura ao saber, deixando em segundo plano a meritocracia e exaltando a fidelidade corporativa. Urge recriar as nossas universidades, especialmente as públicas, para que não fiquem reféns dos ativistas e dos sindicatos, impedindo a abertura de ideias e a dimensão crítica. Torna-se imperiosa a colaboração do setor público com a iniciativa privada, ampliando a colaboração com as universidades particulares, especialmente com as confessionais. Ora, premidas pelos avanços tecnológicos que florescem no terreno econômico, as universidades, em geral, tentam se situar de forma criativa nesse novo espaço, a fim de que aproveitem esta oportunidade de avanço e de crescimento, se abrindo às novas tecnologias como, por exemplo, a inteligência artificial.

O MEC (Ministério da Educação) terminou, a meu ver, refém do gigantismo que afetou a gestão pública em geral. Considero que o orçamento gigante desse Ministério, que beira os 200 bilhões de reais, não deveria ficar concentrado nas mãos da burocracia em Brasília. Essa enorme soma de recursos deveria ser descentralizada, de forma que fosse gerida pelos Estados, através dos governadores, para melhor servir ao financiamento da educação nos seus vários níveis, através das correspondentes secretarias estaduais vinculadas ao ensino superior. Quem melhor conhece as necessidades regionais são os governadores dos Estados, não os burocratas de Brasília.

Ricardo Vélez Rodríguez, professor de filosofia e ex-ministro da Educação

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