Assistimos a uma contínua transformação tecnológica dos meios de comunicação de massa, um processo que pode ser literalmente assistido no caso da televisão. O primeiro aparelho de televisão tecnologicamente viável foi montado pelo escocês John L. Baird. A produção em escala industrial foi conduzida pela RCA-Victor, da General Eletric, conglomerado norte-americano que reunia fábricas de equipamentos de telecomunicação, emissoras de radiodifusão comerciais, a NBC que foi a primeira rede de televisão em 1926 e, principalmente, laboratórios de pesquisa e desenvolvimento que transformaram a televisão em um produto e mercado economicamente rentável no pós-guerra.

O primeiro contato do Brasil com a televisão ocorreu em 1939 na “Feira Internacional de Amostras”, no Rio de Janeiro, em 1930 com os equipamentos foram expostos no pavilhão da Alemanha. Em 18 de setembro de 1950 foi inaugurada a TV Tupi, em São Paulo, com tecnologia da General Eletric, RCA e NBC, por Assis Chateaubriand, a quarta emissora do mundo e a primeira da América Latina.

A Tupi entrou em testes em julho daquele ano, em plena Copa do Mundo, disputada no Brasil. Curiosamente, a FIFA e a CBD proibiram toda e qualquer transmissão dos jogos pela televisão, fosse comercial ou experimental. Hoje seria impossível pensar a Copa do Mundo FIFA sem transmissão de imagens. Aos poucos, a televisão se espalhou pelo Brasil, atingindo as principais capitais do País.

Com forte apelo ao entretenimento, a televisão buscou seus técnicos, artistas e burocratas no rádio, meio que já era forte e organizado no País. Os primeiros programas da televisão eram adaptações de programas radiofônicos e assim foi até que o setor evoluisse tecnologicamente com o estabelecimento das redes nacionais que padronizaram o conteúdo, assimilando também modelos importados de programas.

No Norte do Paraná a televisão foi iniciada com a TV Coroados, do mesmo Assis Chateaubriand, em 21 de setembro de 1963, um marco histórico e tecnológico. A programação era local e inspirada nas emissoras das capitais, programas e imagens produzidos pela Rede Tupi eram enviados gravados.

A realidade das emissoras distantes de São Paulo ou do Rio de Janeiro começou a mudar em 1970 com a conexão via-satélite do Brasil com o restante do mundo, combinado com a instalação do sistema de rede de micro-ondas pela Embratel. Era promessa da ditadura militar que os brasileiros, mesmo dos mais distantes rincões, pudessem assistir a Copa do Mundo FIFA daquele ano ao vivo, pela televisão.

A televisão brasileira sofreu, no início, com a falta de hábito do brasileiro em, passivamente, acompanhar programas que exigiam atenção aos seus detalhes. Faltavam receptores no mercado, seus preços eram altíssimos, sendo possível que o início da televisão pé-vermelho tenha sido assistido em pouquíssimos aparelhos, alguns em clubes, em vitrines de lojas, bares, outros colocados em praça pública pelas prefeituras etc.

Os programas inspirados no rádio deram lugar a programas nacionais, transmitidos em rede, originais ou modelos importados. No caso da RPC-Londrina, nome atual da TV Coroados, percebe-se que a ênfase à programação local é o jornalismo e a produção de notícias da região. A internet também marca a televisão, isso nas diversas emissoras e redes, produzindo informação em tempo real, facilitando a transmissão, gerando uma interação que transforma o espectador em quase um participante tecnologicamente ativo da programação.

Parabéns aos profissionais e mantenedores que possibilitaram a implantação e o desenvolvimento desta tecnologia no Norte do Paraná. Parabéns RPC-Londrina / TV Coroados.

Roberto Bondarik, docente e pesquisador da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Cornélio Procópio

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