ESPAÇO ABERTO: O Calçadão de Londrina que queremos
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 01 de junho de 2023
Fernando Moraes
Calçadão límpido, famílias passeando, lojas movimentadas, gastronomia de qualidade, cultura radiando. Parece um sonho distante, mas quando pensamos em unir forças para buscar algo maior e que proporcione o bem coletivo, esse sonho se torna mais perto da nossa realidade.
O centro de Londrina vem passando por transformações que mexem com a sensibilidade das pessoas e causam, em determinados momentos, divergências de opiniões. Mas um fato é unânime: a forma como se encontrava nos últimos anos desagradava a grande maioria da população. Sujeira, buracos, escuridão, insegurança, mendicância, comércio irregular. Todos nós, cidadãos, perdemos com isso. Nosso centro, além de desvalorizado, passa a ecoar um vazio triste. Triste no sentido humano.
Não buscar alternativas para mudar esta realidade e criar um novo cenário é abrir mão de um sonho. É abrir mão de nossas próprias memórias e nossa história, que ali começou há 45 anos, quando foi inaugurada a primeira fase das obras do Calçadão, que ia da antiga prefeitura, na rua Minas Gerais, até a Praça Gabriel Martins.
O Calçadão de Londrina foi a aposta de vida de muitas pessoas. Ele é lar para muita gente. Única fonte de renda para diversas empresas. É o trajeto de passeio para famílias inteiras.
Então, por que não preservar e cuidar da nossa história?
Avançamos em diversos pontos, mas continuamos em busca de alcançar esse sonho.
Em anos mais recentes vivenciamos a revitalização de alguns dos espaços públicos mais icônicos de Londrina. O Bosque ganhou mais cores e uma nova roupagem que lhe deu vida. O breu foi trocado por lâmpadas de LED. Tem trajetos de passeio e caminhada, academia ao ar livre, parquinho e, agora, uma quadra esportiva de qualidade.
Não distante dali, a Biblioteca Pública Municipal também se modernizou. Primeiro, recebeu a revitalização em sua área externa e fachada. Por último, seus ambientes internos também se transformaram para atender melhor o público que busca conhecimento ali.
O Calçadão de Londrina tenta – e precisa, há alguns anos, acompanhar estas transformações. Já passou por algumas manutenções, pinturas, troca de mobiliários, além de ganhar iluminação adequada. Mas à medida em que o tempo passava, também era tomado pela onda do comércio ilegal.
Sabemos que todos precisam trabalhar para colocar comida à mesa, e que o cenário foi agravado no pós pandemia. É a lei da sobrevivência. A lei da dignidade humana. Mas quando se está fora da lei, permitimos que mercadorias de procedência desconhecida concorram deslealmente com aqueles que batalham e fazem sacrifícios igualmente para pagar seus impostos em dia.
Medidas urgentes precisavam ser tomadas para restabelecer as características do Calçadão de Londrina e devolver a ele o verdadeiro sentido de sua existência.
Os últimos dias foram marcados por uma fiscalização ostensiva onde a finalidade era identificar ambulantes sem alvará. A ação foi realizada pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), com apoio da Polícia Militar e Guarda Municipal, e, mais uma vez, dividiu opiniões.
Mas não podemos deixar de exaltar a construção e cuidado com este movimento, que não terminou por ali. Esses ambulantes foram orientados a regularizar suas mercadorias e a buscar na formalização uma maneira correta de ganhar a vida. Em uma parceria também com a Secretaria Municipal de Emprego e Renda, um verdadeiro mutirão com mais de 500 vagas de empregos formais foi anunciado na tentativa de equalizar essa conta, proporcionando um trabalho com carteira assinada e todos os direitos legais que essas pessoas merecem.
Para somar a essas iniciativas, a ACIL, entidade que também luta há anos pelo revigoramento do centro da cidade, montou uma corrente do bem para despertar nas empresas locais a sensibilidade de ajudar a recolocar esses profissionais no mercado de trabalho.
A revitalização do Calçadão de Londrina não precisa acontecer em meio a uma guerra. Se entidades, instituições e poder público se unirem por um objetivo único, onde todos têm a chance de sair ganhando, iremos alcançar a Londrina que queremos.
Fernando Moraes, empresário e presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná

