A temperatura média da Terra está em 15 graus centigrados. A previsão, segundo os pesquisadores (pessimistas?) é de que chegue a 17 graus em 2050. Agora, pela ação humana, por meio de emissão de gases de efeito estufa pela queima de combustíveis fosseis que se acumulam na atmosfera, tem aumentado consideravelmente. O aquecimento atual começou há 180 anos, coincidindo com os primeiros passos da Revolução Industrial na Europa

Embora a Terra esteja no seu período mais quente nos seus últimos 120 anos, há cerca de 250 milhões de anos a temperatura era de 32 graus e assim permaneceu por muito tempo. Período em que muitas espécies desapareceram pelo calor intenso. Isso é um breve resumo de um planeta que tem perto de 4,5 bilhões de anos, baseada em datação radiométrica de meteoritos consistentes com as idades mais antigas de amostras terrestres e lunares, feita através da datação radioativa.

Os primeiros 400 milhões de anos foram hostis e desoladores, com temperaturas de mais de 200 graus, liquefação da crosta e gases vulcânicos, especialmente CO2. Há 50 milhões de anos, com 21 graus, não havia gelo nas camadas polares, era um mundo diferente com hipopótamos na Europa, palmeiras e crocodilos no Ártico e a Flórida submersa. O nível do mar a 7,5 metros acima do que é hoje. Amostras de fosseis, com datação, mostram estes fatos de forma incontestável.

Há aproximadamente 90 milhões de anos, novamente em outro período de efeito estufa, a temperatura girava perto de 30 graus, quando as florestas próximas aos polos que hoje são gelados se desenvolveram. O Velho Testamento nunca bate com a ciência, o que torna algumas igrejas desabonadas, mas não a existência de Deus. Desde que acreditem que tudo isso foi obra da Divindade, não é pecado abraçar e escolher a verdade.

Embora em quase todos os sentidos a nossa bonita humanidade, com homens horríveis e mulheres maravilhosas e tudo mais, pouco temos a ver com o destino da Terra. Independentemente do que iremos fazer, o sol é uma estrela independente do que disse Copérnico, tem o ciclo e um dia vai explodir. Mas segundo os cientistas vai demorar ainda mais do que 4,5 bilhões de anos, a idade atual da Terra, e algum tipo de vida acontecerá de alguma forma em algum outro lugar. Provavelmente não seremos nós H. sapiens.

Em um futuro longínquo, a Terra irá mudar, pelo aumento da luminosidade do sol, perda de energia térmica do núcleo, perturbações por outros corpos do sistema solar e alterações bioquímicas. Queiramos ou não.

Enquanto alguns esperam os falsos profetas, outros se querem ter um pouco mais de qualidade de vida para os nossos tataranetos, tratem de diminuir o uso de combustivos fósseis, sejamos mais razoáveis e vamos diminuir o efeito estufa. Alguém avise China e Estados Unidos, que consumiram 1/3 da demanda total de energia fóssil do mundo. O Brasil, em 2021 foi o oitavo consumidor de petróleo, representando 2,4 da demanda mundial.

Enquanto o apocalipse não chega, aprendamos com Isak Dikesem “A cura para tudo é sempre água salgada: o suor, as lágrimas ou o mar”. Mas não faça como Paulo Miranda, que com a mania de antecipar o fim fez com que fosse embora sem se despedir.

Bem que poderíamos ser mais humanos, acreditar mais na ciência e menos nos loucos despreparados. Para ser assim, não precisamos desacreditar no nosso Olimpo, há tanto construído. Apesar dos atoleimados e palermas amalucados, Deus deve existir e de algum jeito proverá nossa alegria final apesar de todos os nossos pecados.

Terra, te beijo, e me despeço (P. Neruda). Mas nunca se esqueçam que a natureza continuará seu curso, assim como começou, diferente do que nos ensinaram na nossa catequese, com muita imaginação e pouco conhecimento.

Nelio Roberto dos Reis, professor universitário, doutor. em Ciências pelo INPA.

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