A Igreja Católica de Londrina não perdeu a oportunidade de responder ao desejo do papa Francisco de ter uma “Igreja Sinodal”. O termo é bem antigo, mas basicamente significa “comunhão”. Estar juntos, caminhar juntos, pensar e decidir juntos! Embora tenha nascido sinodal e caminhado durante séculos assim, na sua história de dois mil anos, ela se fez mais instituição e mais hierarquizada.

O Concílio Vaticano II devolveu-lhe o termo “sínodo”, mas é Francisco que agora a quer “em processo sinodal”, muito mais do que uma reunião de bispos! A Igreja, deste modo, aprenderá quais são os processos que a podem ajudar a viver a comunhão, a realizar a participação e a abrir-se à missão. Já não é pouco!

Trata-se, em última análise, de viver um processo eclesial participativo e inclusivo, que ofereça a cada um – de maneira particular àqueles que, por vários motivos, se encontram à margem – a oportunidade de se expressar e de ser ouvido, a fim de contribuir para a construção do Povo de Deus.

O Papa deseja examinar como são vividos na Igreja a responsabilidade e o poder, e as estruturas mediante as quais são geridos, destacando e procurando converter preconceitos e práticas distorcidas, que não estão enraizadas no Evangelho. Uma tarefa gigante, proporcional à Igreja! Como sublinha o documento inicial, o caminho sinodal desenvolve-se num contexto histórico, marcado por mudanças epocais na sociedade e por uma passagem crucial na vida da Igreja, que não é possível ignorar: “é nas dobras da complexidade deste contexto, nas suas tensões e contradições, que somos chamados a investigar os sinais dos tempos e a interpretá-los à luz do Evangelho".

Londrina quer escutar. Precisa escutar. Somos uma Igreja com uma linda história de participação e comunhão, mas não estamos imunes a esta mudança de época, que nos interpela sobremaneira e nos obriga a refazer caminhos e opções e a confirmar outros! A humildade é a tônica de quem se põe a caminho! Neste processo que agora se inicia, a única coisa que sabemos é que não temos as conclusões em mãos! Arcebispo, padres, lideranças eclesiais estão abertos ao sopro do Espírito, que vem de dentro e de fora da Instituição. Com esse objetivo definido, haveremos durante estes dois meses de questionar um número substancial de pessoas, tanto frequentadores da Igreja, quanto não. Universidades, meios de comunicação social, hospitais, prisões, clubes, nada ficará de fora!

Desejamos nos aproximar ao máximo da confiabilidade da pesquisa, enquanto tal.

A Igreja Católica de Londrina anseia para que em 2025, numa Assembleia Geral, sejam elaborados os planos para a Evangelização, mas também aconteça uma reestruturação, pastoral, econômica e organizativa da Arquidiocese, com base no resultado de todo este processo.

Concomitantemente, ficaremos de olho nos frutos do Sínodo mundial já referido. Tratando-se de um evento deste porte, não tanto pela amplitude do mesmo, mas pelo profundo significado, gera-se uma legítima apreensão, típica de quem se prepara para eventuais grandes mudanças. Isso, a nível local ou universal.

Pessoalmente, com três décadas de padre, atento ao pontificado de Francisco e embalado pelos ventos que sopraram do Concílio Vaticano II, vivo a esperança de ver a Igreja relevante e aberta ao diálogo com todos. Uma vez escrevi neste espaço que não devemos dar respostas a perguntas que não foram feitas. O mundo mudou e muito. Aliás, está mudando. As Igrejas têm um patrimônio que não é estático, mas dinâmico. Assim o Evangelho é perene. Ontem hoje e sempre!

A relevância delas não está submetida à mudança do “tesouro da fé”, mas à capacidade de traduzirem essa riqueza, não apenas numa nova linguagem, mas interpelando os homens e as mulheres em todos os tempos e lugares. Uma escuta deste teor é imprescindível para quem deseja ser fiel a Cristo e aos homens!

Padre Manuel Joaquim R. dos Santos, Arquidiocese de Londrina