Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO: Consagração
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Num mundo cada vez mais materialista e frio de amor a Deus e aos irmãos, algumas orações tradicionais acabaram sendo esquecidas ao longo do tempo. Porém uma delas, conhecida como Consagração a Nossa Senhora, se manteve viva, com pequenas alterações. Diz a oração: “Ó minha Senhora e minha Mãe! Eu me ofereço todo(a) a Vós, e em prova da minha devoção para convosco Vos consagro neste dia e para sempre: os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como filho(a) e propriedade vossa! Amém!”

O que a princípio parece ser somente uma oração de consagração à Mãe de Deus, na verdade encerra em si o amor ao Filho Eterno. Senão vejamos: “Ó minha Senhora e minha Mãe”. Maria é Senhora, porque Jesus é o Senhor, assim como Maria é Rainha porque Jesus é o Rei. E Maria é nossa Mãe porque antes de morrer na cruz Jesus entregou a sua Mãe para todos os seres humanos por quem Ele deu a vida. (Jo 19, 26-27)

“Eu me ofereço todo(a) a Vós,” Assim como o amor a Deus deve ser livre, o oferecimento também deve ser. Oferecer-se livremente à Mãe é oferecer-se ao Filho, pois assim como o Filho está no Pai Eterno, assim a Mãe também está no Filho Eterno, de modo inseparável e por toda a eternidade.

“...e em prova da minha devoção para convosco...” Pode-se e deve-se ter por Maria Santíssima todo o amor e devoção que Ela merece, porém jamais a adoração, pois somente o Pai, o Filho e o Espírito Santo são dignos de toda a adoração, honra, glória e louvor. Amar e venerar Maria é honrar ao seu Filho Jesus. Desprezar, zombar e ofender Maria é ferir o coração de Jesus, seu Filho amado, nosso Senhor e Deus.

“...Vos consagro neste dia e para sempre: os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser”. Consagrar-se a Maria é reconhecer o sagrado e a santidade que existe em Jesus, pois foi Ele quem consagrou o ventre de Maria, e não o contrário. Ele foi e é a luz do mundo, e Maria foi e é a aurora que trouxe a luz ao mundo. E a consagração deve ser por inteiro: todo o nosso ser, todos os nossos sentidos, todo nosso coração. Não se pode ser metade de Deus e metade do mundo. Ou somos quentes, ou somos frios, pois o morno o Senhor Jesus irá vomitar. (Ap 3, 15-16)

“E porque assim sou vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como filho(a) e propriedade vossa! Amém!” Pertencer-se a Maria é pertencer-se ao seu Filho Jesus Cristo, pois tudo o que está ligado ao coração de Maria Santíssima está ligado ao coração do Senhor Jesus, pois neles há um só coração, uma só vontade, um só pulsar. E uma vez entregue nosso ser ao coração de Maria, Ela irá nos defender do inimigo como uma Mãe defende seu filho, como uma leoa defende seu filhote, com todas as forças, potências e dignidade que a Santíssima Trindade lhe concedeu como Filha do Pai Eterno, como Mãe de Jesus Cristo, e como Esposa do Espírito Santo.

Maria Santíssima sempre nos conduz em seus braços de amor, até os braços de misericórdia do seu Filho Jesus Cristo. A criatura aponta para o Criador. A Mãe aponta para o Filho. A intercessora aponta para o Salvador. E a pergunta que pode ser feita é: e nós, nesse mundo frio, para quem estamos apontando em nossa vida?

Carlos José Estevam Lioti é catequista em Londrina