ESPAÇO ABERTO: Attenzione, pickpocket!
Num giro por Paris, Roma, Milão, Madri, Barcelona, Londres e Lisboa, nota-se que se encontram infestadas de batedores de carteira
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Num giro por Paris, Roma, Milão, Madri, Barcelona, Londres e Lisboa, nota-se que se encontram infestadas de batedores de carteira
Almir Rodrigues Sudan
A cidadã italiana Monica Poli criou há trinta anos, em Veneza, sua cidade natal, o grupo Cittadini Non Distrati – Cidadãos Não Distraídos – para avisar os turistas sobre o perigo de furtos pelos borseggiatori ou pickpochets, os batedores de carteira. Ela se tornou um ícone, e a expressão attenzione, pickpockets, de tanto ser repetida, tornou-se um meme na rede social mundial, visto que o refrão é o mesmo em todo mundo, apenas o adaptando à língua local. Veneza, em certos locais, dias e horários, está o caos com os borseggiatori.
Num giro por Paris, Roma, Milão, Madri, Barcelona, Londres e Lisboa, nota-se que se encontram infestadas de batedores de carteira que atuam de modo contínuo, sem parar! Antes oriundos dos Bálcãs, especialmente da Albânia, atualmente são internacionais, no mais amplo sentido da palavra, porque passaram a contar com cidadãos de outras paradas, e com a participação de habitantes locais.
Paris, a cidade-luz, tornou-se o epicentro dessa praga avassaladora de bandidos, e está repleta deles em inúmeras estações de metrô, no Louvre, nas Gares du Nord, Lyon e Montparnasse, na Torre Eiffel, nas proximidades da Notre-Dame e do Arco do Triunfo, e em Montmartre, enfim, pela cidade toda. Incrível que as piores estações de metrô sejam a Franklin Roosevelt, na Avenida Champs-Élysées, e a Bir-Hakeim, próxima à Torre Eiffel, porém, se repita, estão presentes nelas todas, umas mais, outras menos.
Nas estações de metrô de Paris, quando os trens se aproximam, imediatamente, pelo alto-falante, todos são orientados a se cuidarem para evitar a ação dos pickpochets, e mesmo assim muitos se tornam vítimas sem saber assaltadas.
Interessante que em Londres, Berlim, Zurich, Frankfurt, Estocolmo, Oslo, Copenhague, Viena e outras esse fenômeno criminal ainda não se popularizou, embora exista; isso advém do rigor policial, do estado de tolerância zero imposto pelas autoridades. Em Londres, o espaço preferido é o Borough Market, entretanto, a política estabelecida é a prisão em flagrante com reclusão mínima de dois anos, e para os imigrantes a imediata deportação, sem julgamento, impedindo-os de reentrarem na zona do Tratado de Schengen. A França, todos sabem, é muito tolerante na imigração. Se o ingressante não tiver mandado de prisão expedido pela Interpol, é admitido, com poucas exceções.
Qual a causa da disseminação do banditismo caipira na Europa? Vamos lá: a Inglaterra, há dois anos, abriu a imigração para motoristas de carretas, visto que os nativos dispensavam o serviço por exigir que permanecessem muito tempo longe dos seus lares, viajando pelo continente. Sabe-se que todos os países europeus necessitam da mão de obra estrangeira barata nos serviços básicos, como motoristas, pedreiros, serventes, mecânicos, pintores de edifícios, faxineiras, garis, etc., e com isso, abriram suas fronteiras.
Entretanto, imigrantes titulados de ilegais, mas aceitos de forma compensatória pelo interesse na mão de obra, descobriram que furtar era mais lucrativo que trabalhar honestamente, algo que no Brasil a marginalidade nas grandes cidades descobriu há muito tempo. Daí que, embora seja até o momento uma pequena parcela, porém, já muitos optaram por se associarem aos bandidos nativos e passaram a ganhar dinheiro fácil, e o pior: são os imigrantes que acabam presos! Os nacionais, como sempre, permanecem impunes, longe da justiça, garantindo-lhes um advogado a fim de não serem deportados, obviamente, para poderem retornar à prática delituosa.
No meu novo livro, em fase final de elaboração, a personagem comenta sobre a história da Máfia siciliana, que iniciou suas atividades para proteger os pequenos proprietários de terras contra os opressores ataques dos latifundiários, cujo objetivo era adquirir forçosamente suas propriedades a preços insignificantes. Após frear esse ímpeto, a Máfia conseguiu algo inédito, como a escritora Elizabeth Gilbert destacou em um de seus ótimos livros: começou a cobrar proteção dos proprietários, produtores e comerciantes para os defenderem de si própria! Ou seja, atacava e depois oferecia proteção contra ela mesma, e passaram a pagar, porque o Estado sempre esteve ausente na Sicília.
Os nacionais europeus que acoitam os imigrantes que praticam esses delitos fazem o mesmo: os protegem para depois exigir que furtem carteiras ou bolsas, ficando com até 65% do lucro. Os protegem e depois cobram furtos para poderem pagar a proteção. O tráfico de drogas também age assim, e com isso a criminalidade só aumenta.
No Brasil, há poucos dias, na Avenida Paulista, vi bandidos roubarem o chapéu de uma jovem senhora! Celular precisa ser guardado na pasta ou bolsa, na mão ou no bolso, será facilmente levado. No Rio de Janeiro, roubam até presilhas de cabelo, imaginem o resto! Da minha filha, num dos bares/restaurantes da orla de Copacabana roubaram as sandálias! Num piscar de olhos.
Então, leitores, ao chegarem à Europa, em destaque Paris, Roma, Veneza, Milão, Barcelona, Madri e outras, e em algumas capitais brasileiras, cuidem ao extremo de suas bolsas e carteiras, caso contrário, serão outros na longa lista de vítimas.
Almir Rodrigues Sudan, graduado em direito, economia e jornalismo.