ESPAÇO ABERTO: Aprendendo com o ódio pilgrim...
O ódio político dos pilgrins parece ser mais odioso do que o desamor que se alinha em latino américa
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terça-feira, 23 de julho de 2024
O ódio político dos pilgrins parece ser mais odioso do que o desamor que se alinha em latino américa
João dos Santos Gomes Filho
Tentaram contra a vida de Donaldo Trump, em um comício de sua campanha à presidência estadunidense. O disparo não atingiu o alvo, senão por estilhaços, que lhe custaram um corte na orelha e plantaram facilidades em sua caminhada política.
O atirador (morto antes que pudesse ser interrogado) seria filiado ao Partido Republicano (o mesmo de Trump) e seus motivos sempre estarão na conta da margem de erro que as hipóteses e teorias conspiratórias conjugam em solo pilgrim, em se tratando de assassinato (no caso tentativa de) à presidentes estadunidenses.
Nenhuma surpresa no evento, todavia, naquilo que os norte-americanos têm a estranha fixação em tirar a vida de seus presidentes. Foi o que passou com Lincoln, Garfield, McKinley e Kennedy, bem assim o que quase passou com Roosevelt (Theodore) e Reagan.
Sobre isso, penso que cabe uma reflexão, naquilo que o ódio político dos pilgrins parece ser mais odioso do que o desamor que se alinha em latino américa, dada a matriz cultural daquela gente.
Deveras, na atual quadra da vida, na esteira da proliferação das fake news, vem pranteando tanto quanto os discursos de ódio, notadamente nas falas de políticos de extrema direita que, via de regra, conjugam a irracionalidade do convívio pelo viés da motivação política refletida na satanização das minorias.
É só observar a odiosa propaganda supremacista que a extrema direita francesa (em boa hora derrotada) destilou por outdoors que explicitavam o conceito de um país para jovens (europeus) brancos.
Demais disso, bom lembrar que o candidato estadunidense dos republicanos à cadeira presidencial (Donald Trump) não conseguiu se reeleger após ter tido um mandato pautado pela estupidez de seus pronunciamentos em polo de convívio com o fracasso sociológico de suas ideias, suposto que legou aos herdeiros de tio San uma política de exclusão, tirada a desfavor das minorias.
Dentre outras estultices, não consigo desapegar da proposta de sua campanha eleitoral, onde aprumou a ideia de erguer um muro na baixa Califórnia, em atenção à sua política separatista, fomentando a contenção da imigração mexicana.
Houve quem aplaudisse a imbecilidade social, naquilo que sempre haverá um idiota a reverenciar idiotices de outro idiota. Essa é uma das três verdades universais que a história da humanidade conjuga – Confúcio explicita as outras duas.
Noves fora, o atentado potencializa a candidatura de Trump, ao tempo em que impõe uma séria reflexão do caminho que estamos tomando na conjuração de um modelo de convívio que deveria primar pela inclusão em lugar de se acentuar na exclusão.
Nunca se polarizou tanto a diferença quanto na atual quadra da civilização, naquilo que a facilidade instantânea da informação, bem assim sua capacidade de produzir engajamentos (ainda que de aluguel), potencializam o divórcio da razão ao tempo em que estatuem a miséria do conflito no seio do convívio.
Repara: há sempre um tosco conhecedor da história a vomitar equações e defecar regras de existir sobre a própria limitação em se auto conhecer e se aceitar. Via de regra esse operário do mal fala em púlpitos e tem assento em congressos, o que lhe potencializa enquanto arauto da irracionalidade.
Um bando de ignorantes (da vida e suas mazelas) compõe a manada de repetidores de falsas verdades que a velocidade das informações tange ao limite do esgotamento, naquilo que para mentir basta mentir, enquanto para combater a mentira não basta falar a verdade, naquilo que se faz necessário contrapor racionalmente o falso – via de regra não há espaço de diálogo com mitômanos desapegados da racionalidade, que habitam a escuridão onde a chama da liberdade se apaga.
Assim, a tentativa de matar Trump não é senão o apanágio do ódio que o irracional espraia pela vida, naquilo que o berrante sopra o mantra que insufla a não aceitação das diferenças, colmatando as circunstâncias que, outrora, a razão descortinava.
Deveras, esse homem do norte, que sempre foi violento e cruel, segue violento, cruel e apartado da razão, naquilo que seu caminho é de conflito (com as diferenças) e não mais de coexistência.
A impulsioná-lo se põe o falso líder. Seja religioso ou político, sua fala vem desapegada da razão e centrada na elegia de insumos equidistantes que colmatam narrativas falsas, em atenção a necessidade de se arregimentar quem não tenha juízo crítico suficiente, em ordem a abastecer o exército de ignaros que disparem políticas de exclusão – em franca ascensão sob a batuta do fascismo do século XXI.
Essa é a tentativa desesperada do grande capital em preservar sua concentração indecente, em favor daquele 1% que detém mais da metade das riquezas do planeta.
Ainda que racionalmente seja de se criticar a tentativa de assassinato do candidato republicano à presidência estadunidense, não consigo desconhecer no disparo um modo de expressão daquela gente; em tudo e por tudo, fruto da necessidade imbecilizante de se odiar que os pilgrins ensinaram ao mundo.
Tristes trópicos, onde o disparo de lá, tem reflexos odiosos, tanto quanto, por aqui.
Saudade Pai!
João dos Santos Gomes Filho, advogado