Vivemos tempos sombrios no mundo e na igreja. Quem não se dá conta do que está acontecendo? Só quem não quer. Outro dia, numa missa na paróquia Santa Rita, uma mulher, leiga, trêmula, porém, firme na sua posição, pede a palavra e respeitosamente, em nome da comunidade paroquial, solicita ao arcebispo, dom Geremias Steinmetz, que repensasse a transferência do pároco da referida igreja. O arcebispo, parecendo um monarca absoluto teimoso (“a diocese sou eu”), não se comove ao “pedido sinodal” da pobre mulher.

Se estivéssemos verdadeiramente em uma igreja sinodal, que é a moda de hoje, e não só nas falas demagógicas de alguns, ele acolheria a súplica daquela senhora, que falava a partir das necessidades de sua comunidade. Certamente aquela senhora conhece a paróquia mais que o arcebispo e sabe melhor do que ele a importância de manter, naquele momento, seu pároco. Ali, com voz embargada, ela debulhava as razões, que deveriam ser escutadas e levados a termo.

O distinto sacerdote em questão chama-se Padre Edvan. Ele, além de prestar serviço àquela referida comunidade, ajuda toda a comunidade londrinense como sacerdote exorcista. Deste fato se depreende a ideia, qual seja, quem melhor conhece as necessidades paroquiais são os próprios paroquianos. E se, de fato, o refrão de hoje é “igreja sinodal”, não se compreende por que as transferências de padres não seguem critérios que atendam eficazmente mecanismos de escuta (escuta sinodal, escutar o Espírito, escutar, escutar, ad nauseam…) das bases paroquiais, onde a vida católica, realmente, acontece.

Transferir de seis em seis anos para mostrar quem manda? Mas quem é que paga as contas, o altíssimo salário do arcebispo e todos os gastos da sua corte? Sabemos que não é lei transferir párocos de seis em seis anos. É apenas definida por convenção de cada país, uma sugestão de tempo. A igreja nos seus textos legislativos fala de ofício estável. O Código de Direito Canônico não define a questão em anos. Por que só o arcebispo e seu restrito conselho podem definir isso, à revelia do santo “povo de Deus”? Por que agir tanto como um burocrata e menos como pai e pastor?

O Código de Direito Canônico não define um tempo exato para permanência do pároco. Ele só afirma que “importa que o pároco goze de estabilidade, e por isso seja nomeado por tempo indeterminado” (cânone 522). Outra possibilidade que o Código, livro que reúne as leis da igreja, e que tem como fim último a salvação das almas, propõe é a renovação do período. Mesmo isso, o código não limita em um tempo fixo. Ou seja, se foi proposto seis anos, estes podem ser renovados para mais seis. Isso não é um capricho. Nem muito menos privilégio. Isso é uma lei estabelecida pela própria igreja.

Sabendo que há padres que fazem um bom trabalho e que, portanto, poderiam continuar. Ou que até mesmo não tiveram tempo de realizar muitas coisas. Temos que levar em conta três anos de pandemia, onde não se pode avançar em quase nada, tudo era limitado. Mas o que parece importar na igreja sinodal da Arquidiocese de Londrina é a dança das cadeiras. Esta cria uma ilusão de mecanismo dinâmico, quando na verdade, não é bom nem para o povo nem para o próprio sacerdote.

“Escutar o povo”. Papo demagógico de quem realmente não sabe o que se passa na vida do povo, suas dores, seus dramas, suas necessidades e suas carências espirituais mais profundas. Dom Geremias, o povo de Londrina não aceitará a remoção do Padre Edvan da Paróquia Santa Rita.

Leandro Cesar Nabhan, empresário, e Silvia Guimaraes, engenheira.