Cara senhora Nina, leitora conhecida na sessão de cartas deste jornal, além de conhecida em algumas reportagens. Embora tuas opiniões sejam controversas, eu a respeito como cidadã em seu direito de exteriorizá-las. Mas vamos ao respeito que interessa: aquele que a senhora quer que tenhamos por uma estrutura de poder sufocante, cujas bases se fundam no sionismo, um nacionalismo judaico exportado da Europa Central para o Oriente Médio uns séculos atrás e que ganhou a forma atual de ocupação de territórios árabes através de colonatos invasivos e violentos.

Devemos ter sim respeito a um povo que, em sua essência não quer a continuidade do massacre de seus vizinhos. Me refiro aos judeus contrários ao extermínio de palestinos. Porém, devemos sempre considerar quem está no comando. Assim sendo, não é justo cravarmos Maduro ou Putin como criminosos inimigos da humanidade e deixarmos de fora desse clubinho o infame Benjamin.

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Vamos lembrar também de um certo Jair que deu carta branca aos desmatadores e garimpeiros para que exterminassem etnias nativas do Brasil, ou seu famigerado "E daí? Não sou coveiro" que condenou 700 mil pessoas à morte. Enfim, cito Jair para que lembremos como ele era "persona ignorata" nas reuniões em que falava "representando" o Brasil em outros países, sempre com seu discurso de combate a um comunismo que morreu em 89.

O presidente atual apenas acendeu o alerta do que vem ocorrendo e o brasileiro, expert agora em Oriente Médio, já sacou dos bolsos os pregos para crucificá-lo.

Mas voltemos ao Netanyahu, um fascista que ofendeu brasileiros descendentes de árabes que vivem por aqui, exterminando sistematicamente mulheres e crianças deste povo num massacre desproporcional. Uma fera criada pela extrema direita conservadora de Israel que nem os inventores do Apocalipse seriam capazes de imaginar em seus sonhos mais febris.

Da mesma forma que ser judeu não significa necessariamente ser sionista, ser palestino não significa ser também membro do Hamás, e devemos fazer o dever de casa e incluir nesse contexto as mulheres e crianças assassinadas nessa guerra.

Então fica o questionamento: quem se ofende mais, o ouvidinho sensível do Benjamin ou as famílias das milhares de pessoas enterradas em vala comum na Faixa de Gaza? A quem devemos o real respeito?

L.R. Silva (escritor), Londrina.

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