A corrupção, a incompetência e a mediocridade se acentuam cada vez mais nos poderes da República. A cada eleição cria-se a expectativa de podermos mudar essa deformidade moral e melhor qualificar o quadro político-governamental. Todavia, quando as urnas são abertas se esvaem as nossas esperanças de um Brasil moralmente melhor, com pessoas probas e altamente capacitadas nos dirigindo.

No poder legislativo, as reeleições ilimitadas permitem, com raríssimas exceções, a formação de uma casta de políticos viciada em desmandos, falcatruas e corrupção. Verdadeiros dinossauros da política, corruptos contumazes e caciques partidários vitalícios dominam o comando das instituições e interferem danosamente nos demais poderes; usufruem do clientelismo nas indicações de ministros dos tribunais superiores do Judiciário e cooptam presidentes da República fragilizados pelos seus 'rabos de palha', comprometidos com a improbidade e despreparados para o cargo.

Obrigar funcionário a apoiar candidato é assédio

O pleito eleitoral que atualmente se desenrola no país mostra claramente como essa espécie de políticos corruptos ergue barreiras contra os que tentam melhorar a qualidade da governança e da degradada imagem da nossa classe política.

Candidatos com potencial para enfrentar os criminosos do colarinho branco são boicotados de forma explícita, injusta e desavergonhada. O descaramento dos bandalhos, nesse sentido, é odioso e revoltante; uma grande patifaria.

Armar o brasileiro

Do outro lado, uma enorme parcela do eleitorado brasileiro tolera a corrupção. Seja por conveniência, por desinformação e até por falta de princípios, essa grande massa vota em políticos condenados, ex-prisioneiros, em prisão domiciliar, portadores de tornozeleira eletrônica, entre outros tantos velhacos que assaltam os cofres públicos.

Também, uma horda de despolitizados reelegem, sem nenhum pudor, os parasitas encastelados nos parlamentos, muitos deles já formando 'capitanias hereditárias' no Congresso Nacional e Assembleias Legislativas, com filhos e demais parentes empossados, dando continuidade à bandalheira.

De certo, ainda não será desta vez que a tão necessária renovação virá, pois estamos vivenciando um dos mais vergonhosos pleitos eleitorais da nossa história, onde o protagonismo se concentra nas velhas raposas políticas, que têm como principal intento ataques recíprocos aos seus passados sujos, com as mais torpes ofensas pessoais.

Temas sensíveis como a 'prisão em segunda instância' e 'fim do foro privilegiado' foram propositadamente esquecidos pelos concorrentes, o que se configura em prova inconteste de que o sistema corrupto vai continuar 'dando as cartas' na governança.

Quem acreditou na promessa do combate ferrenho à corrupção, a partir de 2019, perplexo assistiu o adesismo às surradas e indecentes práticas da 'velha política'. Somente uma bem elaborada reforma pode oxigenar o sistema político-eleitoral, corrigindo suas distorções estruturais e revigorando o equilíbrio da disputa.

Assim, poderemos alimentar a esperança de que a renovação da classe política deixará de ser um sonho.

Ludinei Picelli (administrador de empresas) Londrina

Os artigos, cartas e comentários publicados não refletem, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina, que os reproduz em exercício da sua atividade jornalística e diante da liberdade de expressão e comunicação que lhes são inerentes.

COMO PARTICIPAR| Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. As cartas devem ter no máximo 700 caracteres e vir acompanhadas de nome completo, RG, endereço, cidade, telefone e profissão ou ocupação.| As opiniões poderão ser resumidas pelo jornal. | ENVIE PARA [email protected]