Se Deus é por nós, quem será contra nós?
José Roberto Hoffmann

Esta pergunta que foi tema da escola de samba vencedora do Carnaval de São Paulo, ficou na minha memória por alguns dias, e comecei a constatar quem realmente é contra nós.
Contra nós é o presidente da República que de forma deslumbrada fica viajando em seu novo avião de 50 milhões de dólares (valor equivalente a 6.800 casas populares), como um menino que acabou de ganhar um brinquedo novo, deixando a administração do País nas mãos de três ou quatro pessoas que não foram eleitos para isto.
Em seus pronunciamentos, Lula ao invés de explicar, por exemplo, por que editou a medida provisória 232, manifesta-se para justificar por que está recebendo vaias ou em desagravo à sua ministra das Minas e Energia, outra deslumbrada que conseguiu definir tecnicamente que apagão é um fenômeno que ocorria quando apagava a luz durante o governo Fernando Henrique.
Contra nós são aqueles que elegem para a presidência do Senado Federal, sem disputa, aquele que foi o homem de confiança do presidente cassado Fernando Collor.
Contra nós é o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE) cuja eleição foi uma forma de desafio ao relacionamento imperialista que existia entre o Executivo e o Legislativo. Logo no dia seguinte à eleição, afirma que é a favor da prorrogação do mandato do presidente da República por mais dois anos.
Contra nós é o nosso ex-governador vendilhão que nos colocou juridicamente reféns das concessionárias do pedágio. Contra nós é nosso atual governador eleito sobre o lema ''ou o pedágio abaixa ou acaba'', que para provar que é possível cobrar menos o pedágio cria outras duas praças de cobrança. Não seria mais fácil promover uma auditoria séria na contabilidade das concessionárias para provar isto?
Contra nós são os vereadores de Londrina que aprovaram logo no primeiro dia de sessão, em regime de urgência, um aumento de 58% nas verbas para seus gabinetes.
Contra nós é o prefeito Nedson Micheleti que permite (ou solicita) que se criem cargos na administração direta ou indireta somente para poder empregar correligionários políticos e arrecadar o dízimo (de 10 a 30%) para o seu partido.
Oh, meu Deus, com tanta gente contra nós, acho que só o Senhor é por nós, contribuintes brasileiros!
JOSÉ ROBERTO HOFFMANN é engenheiro civil em Londrina

2005: o ano do turismo nacional
Alex Canziani

Tive a oportunidade de passar o último reveillon em um dos mais belos visuais do mundo: no alto do Corcovado da encantadora Rio de Janeiro. Foi uma oportunidade singular, que me fez refletir sobre o que turismo representa e pode representar para o nosso país, particularmente no que se refere à atração de turistas estrangeiros. Pelos números, acredito que 2005 será o grande ano do turismo brasileiro.
Reflexo da aplicação do Plano Nacional do Turismo, espera-se que fechemos este verão com um contingente de 14,5 milhões de pessoas viajando pelo Brasil, e gerando uma receita de US$ 2,78 bilhões. Somente os estrangeiros gastam 269 milhões de dólares no Brasil!
De acordo com os levantamentos da Organização Mundial do Turismo, o segmento aqui cresceu 15%, enquanto que a economia nacional ficou em torno de 5%. E o que falar, então, do aumento no número de estabelecimentos turísticos no país? E o nível da geração de renda e da empregabilidade no setor, fatores tão importantes para a promoção da dignidade social?
Segundo o Ministério do Trabalho, em 1994 tínhamos mais de 83 mil estabelecimentos atuando no segmento, e em apenas sete anos esse número pulou para mais de 159 mil. Mas o melhor de tudo é a expectativa de criação de mais 1,2 milhão de empregos. Atualmente o turismo gera 1,8 milhão de empregos diretos. O momento favorável do turismo nacional se deve à união do trade turístico, instituições, organizações diversas, do Ministério do Turismo e do ministro Walfrido dos Mares Guia, e passa pelos projetos bem-sucedidos da Embratur.
O próprio Ministério serve de termômetro para medirmos a quantos anda o turismo nacional. No exercício de 2003, a Pasta teve uma dotação superior a 377 milhões de reais. Em 2004 pulou para quase 532 milhões e, para este ano, a previsão é bater na casa dos 1 bilhão de reais. E o parlamento brasileiro tem feito a sua parte. Além de criar uma comissão permanente específica para o turismo na Câmara dos Deputados, e de manter uma subcomissão, com a mesma finalidade, no Senado Federal, mais de 150 parlamentares reuniram-se em torno de uma frente para dar um aval ainda maior às políticas do setor.
No ano passado os deputados discutiram um importante anteprojeto do Executivo, a chamada ''Lei Geral do Turismo''. A matéria, já na forma de projeto, deve chegar no Congresso Nacional ainda neste primeiro semestre, mas devido à sua importância, as discussões em torno do assunto foram antecipadas, inclusive com a participação de representantes de entidades ligadas ao setor, como a Confederação Nacional do Comércio. A matéria, enfim, vai chegar à Casa com mais propriedades. Creio, pois, num 2005 de grandes desempenhos no turismo brasileiro. Será um marco para o setor, fruto da união de esforços e da dedicação de pessoas que enxergaram a importância deste segmento de tamanha envergadura econômica e social.
ALEX CANZIANI SILVEIRA é deputado federal pelo PTB-PR, membro da Comissão de Turismo da Câmara Federal e presidente da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento do Turismo no Congresso Nacional