Leio que a Magazine Luiza criou um programa de treinamento voltado para a formação de jovens executivos, ofertado apenas aos negros. Estava aplaudindo a extraordinária iniciativa inclusiva quando percebi uma grita (absurda). A grita pariu a expressão racismo reverso...

Incrédulo dei um Google: ‘Racismo reverso é uma definição usado para descrever atos de discriminação e preconceito perpetrados por minorias raciais ou grupos étnicos historicamente oprimidos contra indivíduos pertencentes à maioria racial ou grupos étnicos historicamente dominantes’. Wikipédia...

O ser humano não cansa de se superar e surpreender – para o bem e para o mal; segundo a Wikipédia, o tal racismo reverso trata de atos discriminatórios praticados pelas minorias (negros) historicamente explorados pelo conquistador europeu (branco!).

Li ainda que uma juíza concedeu medida liminar suspendendo o programa, por atentatória à Carta Política, uma vez que criaria um discrímen contra as maiorias – papel aceita tanta coisa...

Então vamos lá: Magistrada, respeitosamente, para existir a possibilidade de um racismo reverso há que se tornar no tempo. Lá pelo início da idade média e organizar uma invasão africana à Europa.

Invadido e devidamente subjugado o continente de Cervantes, seus habitantes (todos claros, nórdicos, polacos, brancos) seriam escravizados e explorados pelos de pele escura que, na condição de conquistadores, imporiam seus costumes e tradições sobre a até então vigente conjuntura branca...

Candomblé e Umbanda se estabeleceriam (vamos preservar o Vaticano em atenção ao extraordinário santo Padre) além do Tibre, mas a praça de São Marcos não estaria cimentada, seria um chão batido...

Os católicos seriam perseguidos por terem sido batizados e, assim, conquistado uma alma, o que os tornariam diferentes, autorizando na distinção o seu extermínio – a não ser que houvesse uma catequização (reversa?) à fim de sua conversão ao Umbandismo ou ao Candomblé.

Com a salvação na religião dos dominadores, abrir-se-ia a veia do aproveitamento dos neo convertidos em lavouras e campos, por trabalho escravo...

Há, os brancos não poderiam sentar-se ao lado dos Africanos, tampouco frequentar lugares que os Africanos conquistadores frequentassem. Não poderiam votar, seus filhos não poderiam ter acesso à educação nas escolas dos negros, nem nadar em piscinas públicas exclusivas dos Africanos...

Aos brancos europeus, escravizados e subjugados, restaria a internalização dos costumes africanos. Os cabelos seriam crespos, a Barbie seria negra – com uma única exceção, para uma Barbie loura, peituda e empregada doméstica em uma casa de negros. Seria a Barbie Malibú...

O Sinatra estabelecido não cantaria My Way e sim Little Miss Lover. Usaria definitivamente uma Fender Stratocaster e não andaria com caras chamados Ângelo, Vitto, Jimmi Cowen, Tony. Seus parceiros seriam Shaquille, Oscar Robertson, Bill Russel, Kareen Abdul-Jabbar...

As guerras mundiais que custaram tantas e tantas vidas negras contabilizariam mais vidas brancas – não que a vida branca não importasse, afinal o branco caiu de rifle na mão pelo tiro do inimigo branco, ambos servindo à países dominados por negros...

Na rua não se ouviria mais negro sem vergonha e sim branco safado e, quando houvesse uma abordagem policial o branco seria o alvo preferencial dos policiais negros, notadamente quando voltasse para casa – que seria no alto de um morro, em um lugar apelidado de favela, que os negros ricos e empoderados cultuariam para parecer cool.

Ao ser questionado o que faria se seu filho macho e negro tomasse em casamento uma branca pobre, o entrevistado fascista diria que tal não aconteceria jamais, posto que seus filhos negros teriam sido bem-educados...

Enfim, se a história pudesse ser alterada em tempo da Europa ser invadida pelos Africanos, que subjugariam e escravizariam o homem branco europeu, aí então poderíamos falar em racismo reverso. Até lá, iniciativas extraordinárias como as do Magazine Luiza seguirão à mercê de juízes que não conhecem história para lhes dar consecução...

Tristes trópicos onde racismo é ordem do dia e conta com mastins treinados e devidamente imbecilizados na mantença da estrutura de dominação e exploração que faz do negro vítima secular de uma sociedade que não sabe reconhecer os próprios erros.

Saudade de Hendrix, Morais Moreira, Aldir Blanc, Linda Lovelace, Amy Winehouse, Tim Maia, de Cláudio (o gerente), Luizinho (o pequeno polegar), Baltazar (cabecinha de ouro) e, principalmente, de meu amado pai, que há tempos ensinou que a cor da pele não é senão emoção e paixão à serviço da perpetuação da espécie...

Racistas não passarão!

João dos Santos Gomes Filho é advogado em Londrina