O FDA é o órgão do governo americano responsável, entre outras coisas, pela liberação de medicamentos e procedimentos para a área de saúde; em 2020 ele autorizou a prescrição de um game para tratamento de crianças portadoras de ADHD (attention deficit hyperactivity disorder) - em português, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Esse game é o EndeavorRX, produzido pela empresa Akili Interactive, que agora uma equipe de pesquisadores está testando como forma de tratar um público ainda maior: pessoas que tiveram Covid-19 e sofrem com sequelas relacionadas à memória, atenção e outros problemas de cognição.

Os testes, conduzidos por um grupo de pesquisadores da faculdade de medicina da Cornell University, pretendem confirmar se, jogando o EndeavorRX pode haver melhora na capacidade dos que tiveram Covid-19 em fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo - isso já foi observado tanto em crianças com TDAH e em indivíduos com esclerose múltipla.

Ao testar o mesmo método com adultos que apresentam problemas cognitivos e depressão, os pesquisadores vem constatando uma melhoria na conectividade entre as redes neurais relacionadas à atenção e funções executivas, além de uma melhora no humor.

Levando-se em conta as dimensões da pandemia, acredita-se que não haverá força de trabalho suficiente para um atendimento individual a todas as pessoas que ficaram doentes. Por essa razão, jogar o EndeavorRX poderá vir a ser uma forma eficiente de tratar um grande número de indivíduos, sem a presença de profissionais de saúde.

Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.