A devoção tricentenária a Nossa Senhora Aparecida, adaptada à realidade do século XXI e ao momento pandêmico em que estamos vivendo, sobrevive pelos séculos e apesar das dificuldades, além de revelar em si uma veneração milenar: a fé em Maria, a mãe de Jesus. Descoberta em 1717 por pescadores no Rio Paraíba do Sul, no vale do Rio Paraíba, em São Paulo, a imagem da santa brasileira traduz não apenas a simplicidade do povo da época, mas, sobretudo, um retrato desse Brasil tão diverso e variado.

Não é a toa que a Basílica Nacional de Aparecida é um dos santuários marianos mais visitados do mundo, hoje sob comando de dom Orlando Brandes, que já foi arcebispo de Londrina. Assim como o santuário em Londrina, que se confunde com a história da própria cidade e hoje é considerado roteiro turístico do Paraná, também pelo fato de atrair fieis de toda a região Norte do estado e do Paraná inteiro. A capelinha construída em maio de 1940, na Vila Nova, em Londrina, virou paróquia em 1952, quando Londrina ainda era ligada à diocese de Jacarezinho, e elevou-se a santuário somente em outubro de 1997.

Ou seja, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova em Londrina, está prestes a completar 70 anos e a jubilar seus 25 anos de santuário. E, assim como em outras épocas, enfrenta os desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Entretanto, sempre atento à realidade, nós nos unimos em oração pelos profissionais da saúde, pelas famílias que estão sofrendo por conta da Covid-19, seja pelas dificuldades da enfermidade ou por terem perdidos entes queridos. O tema deste ano abarca tudo isso: “Mãe Aparecida, intercessora da saúde”. Queremos nos unir, da forma que pudermos contribuir, para deixar sempre acesa a chama do amor e da oração no coração das pessoas, principalmente em momentos desoladores.

A força da devoção que atravessou os séculos também atravessará a pandemia. E se fortalecerá, sobretudo, no coração daqueles que se deixarem guiar por Cristo. Por isso, não vamos deixar de celebrar a fé em Nossa Senhora Aparecida. Ao contrário, intensificaremos e potencializaremos nossas oração. Embora não possamos acolher de braços abertos todos os que quiserem vir ao santuário neste ano, vamos transmitir nossas celebrações pelas mídias sociais, as quais, segundo o papa Francisco, são um espaço de encontro e de solidariedade. Além disso, ecoaremos nossas orações por meio da mídia televisiva, radiofônica e jornalística. São esses abençoados profissionais que nos ajudarão a levar a mensagem cristã a todos os cantos. Uma mensagem de fé e esperança.

A devoção à Nossa Senhora é uma característica católica, no entanto, a mensagem de fé que transmitimos ao mundo é universal. Não apenas por que rezamos por todos, mas, principalmente, porque muitos valores coincidem com o pensamento de amor. E é justamente o amor que nos leva a restringir o acesso ao público neste dia 12 de outubro. Em respeito aos protocolos e recomendações de saúde, só poderá acessar o templo e participar presencialmente das nossas celebrações quem fez o cadastro em nosso site. As outras pessoas, entretanto, poderão nos acompanhar de suas casas, pela internet. A fé é a mesma. É exatamente aquela que a gente diz que transporta montanhas, que atravessa fronteiras.

Esse ano será assim, diferente. Não menos devoto nem menos especial. Apenas diferente. Mas, com toda a fé que temos em nosso coração. Por isso, vamos pedir as bênçãos e a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, junto a Jesus, para que nossa cidade, nossa Arquidiocese, nosso estado, nosso país e nosso povo ultrapassem os obstáculos da vida, sejam quais forem, e alcancem as graças de Deus em suas vidas e na de suas famílias. Que assim seja, amém!

Padre Rodolfo Trisltz é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova em Londrina