Em 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) declarou 11 de fevereiro o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. O propósito é lembrar que ciência e igualdade de gênero devem avançar lado a lado, enfrentando os principais desafios mundiais e alcançando os objetivos e metas da Agenda 2030. Falar de mulheres e meninas na pesquisa é falar de inclusão, igualdade e sensibilidade em favor do desenvolvimento da humanidade.

Embora já sejam muitas as mulheres na linha de frente das pesquisas, ainda há um longo caminho a percorrer. Áreas como inteligência artificial têm apenas 22% de pesquisadoras, aponta pesquisa da Unesco. Nas universidades, as pesquisadoras tendem a ter carreiras mais curtas e remuneração menor, muito embora representem 33,3% de todos os pesquisadores, as mulheres representam apenas 12% dos membros das academias de ciências nacionais.

Neste mundo globalizado, hiperconectado, os desafios são comuns e as soluções precisam ser compartilhadas. Fazer pesquisa de qualidade e de impacto social no Brasil não é tarefa fácil, independentemente do gênero. Enquanto mulher, pesquisadora e acadêmica, conheço o quão difícil e desafiadora é esta jornada, especialmente no caso das mães. Durante o período de isolamento da pandemia de Covid-19, as mulheres se desdobraram entre a pesquisa, trabalho, casa e filhos.

Nos oito anos do grupo de pesquisa em Direito e Inovação Tecnológica da PUC-PR Campus Londrina, muitas estudantes se descobriram pesquisadoras e puderam experimentar os benefícios de compartilhar nesse processo. Muitas delas alçaram voos além da academia, atuam em escritórios de advocacia especializados, em projetos sociais inovadores e até em círculos internacionais de discussão. Programas de incentivo à iniciação científica como PIBIC, PIBEP, PIBICJr entre outros, inserem o estudante na pesquisa, sobretudo quando preveem a concessão de bolsa auxílio que, muitas vezes, garante a permanência no programa.

Nas universidades, os grupos proporcionam espaço de debate, reflexão, investigação profunda e inovadora. Engana-se quem imagina que as atividades se restringem a produzir artigos e participar de eventos científicos, ainda que estes sejam objetivos. Um pesquisador aprende a identificar problemas e buscar soluções; a respeitar o outro e os posicionamentos diversos, a confrontá-los com argumentos sólidos; aprende utilizar fontes confiáveis; a ter honestidade intelectual; a dialogar na comunidade de investigação e a construir um caminho de investigação. Estas são habilidades que o pesquisador leva para a carreira profissional e para a vida.

Diante de tantas figuras excepcionais no universo da ciência, compartilho minha experiência em sincero reconhecimento ao trabalho incansável de nossas meninas e mulheres pesquisadoras com um apelo para que continuem desbravando, dia após dia, o espaço delas em todas as áreas.

Patricia Eliane da Rosa Sardeto, docente e líder do Grupo de Pesquisa em Direito e Inovação Tecnológica do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) Câmpus Londrina.

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