A aprovação do projeto de lei nº 3946/2021 foi uma vitória não somente para aquelas que atuam como doulas, mas para todas as mulheres que estão inclinadas a contar com a participação dessas profissionais enquanto no projeto/processo de gestação. Foi excelente a publicação “Doulas comemoram vitória no Senado” nesse periódico em sua edição de 26/27 de março de 2022, mas, como doula e enfermeira em formação, quero aproveitar esse momento para trazer mais considerações sobre o mencionado ofício.

Uma breve investigação nos revela que a palavra “doula” provêm do grego clássico, período no qual criadas ou servas domésticas eram designadas dessa forma. Era comum às cidadãs gregas contar com a participação dessas mulheres em diferentes atividades, inclusive nas maternas. De lá para cá, muita coisa se transformou, mas há algo que permanece igual: tanto a gestação quanto o parto são muito mais seguros e saudáveis quando acompanhados por terceiras que melhor compreendem esses processos e os seus procedimentos, afinal, trata-se de mulheres entendidas no assunto, ou seja, intelectuais orgânicas.

Muito mais do que meras “assistentes de parto”, como injusta e ignorantemente costumam ser descritas, as doulas detêm conhecimentos que mesclam os universos acadêmico e prático que as tornam agentes fundamentais no delicado processo gestacional. É evidente que a medicina convencional é fundamental, mas é digno de nota que, ao complementá-la tanto com o trabalho quanto com a expertise dessas mulheres, os resultados vêm se mostrando ainda melhores.

O que é uma doula e o que elas fazem? Elas são profissionais especializadas nos processos de gravidez, parto e puerpério. É por isso que, nesse ínterim, acompanham as famílias de perto. Em suma, a principal função delas é oferecer à família apoio físico, emocional e informativo durante todo o processo. Assim, podem ser evitadas intervenções desnecessárias e violentas ou até mesmo encurtar o trabalho de parto!

A doula não é profissional técnica, não ausculta o bebê, não faz o toque e não faz o parto. Na verdade, as doulas são das e para as mulheres, portanto suas atividades não são destinadas ao parto normal ou à cesárea. A sua presença contínua oferece suporte, conforto, segurança e tranquilidade; estimula o autoconhecimento, a busca por informações de qualidade, o empoderamento e a autonomia de um casal (com especial destaque para o papel da mulher) que está ali para colocar seu filho no mundo.

Ainda de acordo com a mesma reportagem, houve situações nas quais essas profissionais não puderam permanecer na sala de parto. Isso é uma clara afronta principalmente contra as próprias grávidas, cujas decisões foram desconsideradas. No entanto, projetos de lei ou mesmo leis vêm sendo propostos e aprovados em diferentes esferas, e isso é bastante positivo, pois salvaguardam a atividade das doulas.

Por fim, dirijo-me às mulheres e aos casais: caso queiram, procurem por uma doula para maiores informações. Essas profissionais estão dispostas a acompanhá-los nesse momento tão sensível e especial. Com a regulamentação das atividades delas, fica garantida a presença delas ao longo de todo o processo, não havendo o risco de interrupções pautadas no desconhecimento e na ignorância. Saúde em primeiro lugar!

Laura Castilho de Almeida Machado, estudante de enfermagem e doula em formação

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