Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. (Jo 14, 27)

Um leitor londrinense identificado com o nome de Ervino Nesello; na Folha Opinião de 17 de maio de 2022, expressou a sua preocupação por motivos válidos. Alega o senhor Nesello desmantelamento de objetos sagrados, imagens, e outras tantas coisas de dentro e fora da Catedral Metropolitana de Londrina. Talvez a pessoa nunca tenha participado de nenhuma das reuniões, avaliações e ponderações pelas quais o arcebispo, eu e toda uma comissão já passamos para chegar até o ponto onde nos encontramos na reforma e manutenção da Catedral de Londrina.

A Catedral é uma obra teológica, artística e especialmente harmoniosa. O termo harmonia, prezado senhor Ervine, constitui o centro da vida humana. Harmonia para consentir e discutir, harmonia para ponderar e avaliar, harmonia para pensar e criticar. Ambientes sem harmonia atingem a beleza e a grandeza do ser. Por esta razão vamos aos fatos e não as suposições citadas ao longo da sua reflexão.

1) A reforma da catedral exigiu seis tipos de avaliações e ações incluídas na lei estabelecida pelo corpo de bombeiros após vistoria realizada por eles. Assim sendo: portas, escadas, rampas, materiais anti-inflamáveis e limites de capacidade dos locais foram exigidos e constatada a sua insuficiência tivemos que empreender o trabalho de reforma. Existem datas a serem cumpridas e protocolos estabelecidos.

2) Esse processo iniciado no final de 2019 passou pela avaliação e concretização de pessoas conhecedoras do assunto. Especialistas são aqueles que após longo tempo de estudo e análise percebem onde pode haver ou não uma intervenção para melhorar. Não se pode ser e viver de improvisação ou manter uma construção desta envergadura simplesmente de um certo “puxadinho” aqui ou ali. Um dia as coisas chegam ao se desgastar.

3) Às imagens as quais o senhor se refere estão todas guardadas e prontas para serem relocadas. Por exemplo, a imagem externa sobre a qual o senhor faz um apelo essencial que foi retirada do frontispício do auditório da catedral. Acontece, prezado leitor, que a imagem foi colocada numa estrutura que com o passar do tempo não resistiria mais ao peso da imagem. Após uma avaliação foi cedendo ao ponto de criar um espaço entre o telhado e o salão. Quando chovia fortemente, egrégio senhor, o salão alagava e criava sérios problemas para a manutenção. Como o senhor poderá imaginar, os gastos e custos eram altíssimos. Por esta razão, a imagem será recolocada, pois conhecemos o valor histórico da mesma e mais ainda recolocada num lugar onde ela seja custodiada do desgaste do sol ao qual era já submetida. Me chama a atenção que o senhor afirme que achou “jogado” o Cristo!!! O verbo jogar no português brasileiro denota: descartar, pôr no lixo, não aproveitar ou desperdiçar… meu caro irmão em Cristo você está simplesmente me agredindo de forma desnecessária. Meu atrevimento e ignorância não chegam a tanto. Sei do valor artístico e histórico, ainda que o senhor não acredite, sou amante da história e das artes.

4) Nada será destruído. Fique sereno! Agora nada será destruído, tudo será recolocado para dar esplendor e beleza, harmonia e singeleza à obra como um todo.

5) Teria tido um prazer imenso se o senhor tivesse vindo falar pessoalmente comigo ou com o arcebispo. Teríamos dialogado como pessoas, como homens adultos que somos. Procurei o senhor nas redes, mas não consegui encontrar nenhum tipo de informação . Desejo paz diante de tudo aquilo que vivemos e que sim nos deveria movimentar. A paz que vem de Cristo. Assim, como Ele mesmo ontem nos falou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração”.

Padre José Rafael Solano Duran, Cura da Catedral Metropolitana do Sagrado Coração, em Londrina

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