Desde que a pandemia chegou ao Brasil, a crise econômica apresentou-se inevitável. As medidas restritivas, necessárias para o combate à doença, tiveram consequências no mercado. Não se trata de confrontar economia e saúde. Ambas têm uma relação de interdependência. Se a economia afunda, o combate à Covid-19 vai junto, incluindo recursos que ajudam os hospitais a funcionar.

Aos poucos, os índices econômicos vêm demonstrando que o Brasil pode se recuperar da recessão com certa agilidade. Em respeito às vítimas e suas famílias, no entanto, devemos enxergar a retomada econômica, que ainda se anuncia, com moderação. Não cabe otimismo em um cenário com tantas mortes.

Um termômetro é o Global Pandemic Economy Tracker, índice da Luohan Academy divulgado no Brasil pelo jornal Folha de S.Paulo. Marcando a atividade econômica pré-pandemia como 100%, o índice avalia a recuperação dos países. Na primeira semana de setembro, o Brasil aparecia em quinto lugar, com 95,8% de atividade econômica.

Em primeiro lugar veio a China (98,3%), seguida de Coreia do Sul (97,7%), Egito (96,9%) e Rússia (96,4%). Nesta comparação, portanto, o Brasil estaria à frente de potências como Alemanha (94,8%), Japão (93,1%), Canadá (92,9%), França (92,1%) e Estados Unidos (92%).

Boa parte desta recuperação deve-se ao auxílio emergencial, que distribuiu parcelas de R$ 600 e ajudou a segurar o baque da economia. Para se ter uma ideia, até o finalzinho de junho, o governo havia injetado R$ 262,33 bilhões no mercado, segundo a 4E Consulting. Esse colchão econômico vai se estender até dezembro, em menor volume, com parcelas de R$ 300.

No último dia 10, o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Comércio, apontando um crescimento no varejo em 5,2% de julho em relação a junho, que já marcava 8,5% sobre maio, mês com alta histórica de 13,3%. Foram, portanto, três altas seguidas.

Mais especificamente no Paraná, o varejo também apresenta reação. De 11 segmentos analisados pelo boletim conjuntural lançado no dia 10 pelas secretarias estaduais da Fazenda e do Planejamento, seis fecharam o mês de agosto com boas vendas. As altas são relativas a aparelhos de áudio, vídeo e eletrodomésticos (50%); informática e telefonia (20%); materiais de construção e ferragens (15%); cama, mesa e banho (11%); hipermercados e supermercados (10%) e farmácias (4%).

Reparem que os setores em alta refletem a mudança de hábitos do consumidor. Como agora é recomendável ficar em casa, a procura aumentou justamente em eletroeletrônicos, supermercados, farmácias e outras necessidades domésticas. Como as pessoas saem menos, diminuíram os gastos com restaurantes e lanchonetes (-40%), calçados (-25%), vestuário e acessórios (-16%) e veículos novos (-10%), segundo o índice paranaense. Essas quedas, porém, vêm diminuindo mês a mês.

Mesmo os serviços, que sofreram bastante com o novo coronavírus, apresentaram um crescimento de 2,6% de junho para julho. Foi o primeiro resultado positivo após quatro quedas seguidas - a perda acumulada chegou a 19,8%. Os números são da Pesquisa Mensal de Serviços divulgada no dia 11 pelo IBGE. Sabemos que os 2,6% não são suficientes para superar as perdas que ocorreram entre fevereiro e maio. Mesmo assim, é o primeiro crescimento registrado em cinco meses.

Enfim, estamos reagindo. Com a economia em melhores condições, teremos um fôlego maior para adquirir equipamentos, itens de segurança e outros insumos para seguir, com o rigor necessário, todos os protocolos determinados pela saúde. O aquecimento econômico deve facilitar o acesso aos recursos essenciais para continuarmos, sem hesitar, o combate à Covid-19.

Fernando Moraes, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina – ACIL.