Esta questão diz respeito a pensar a sustentabilidade de uma relação perdida e que se faz necessário seu reencontro. Uma atenção especial pode-se ater ao conhecimento e experiência a partir da visão das sociedades tradicionais, camponesas e indígenas, com seu ambiente. Uma abordagem que se funda no conhecimento e nos saberes culturais dessas populações. Suas riquezas biológicas, seus modos de vida e todos os potenciais ecológicos da região onde vivem.

Nesse entendimento do ambiente natural como potencial dessas populações observa-se fonte de novas perspectivas de sustentabilidade. Essas práticas produtivas de relação direta com a terra e toda a natureza podem ser observadas com a devida atenção, a movimentação de atores na construção da sustentabilidade presente no ser dos povos em seu cotidiano.

Nesse olhar acrescenta leff (2010) “Aqui se constitui a proposta teórico-filosófica-política de construção de uma racionalidade ambiental em um campo prático, em que o potencial ecológico, a produtividade tecnológica e a criatividade cultural se fundem em novas estratégias agroecológicas e agroflorestais, em um diálogo de saberes entre as ciências ecológicas e agronômicas com os saberes indígenas e camponeses, em um processo de reapropriação cultural técnica e social da natureza.” Esta perspectiva crítica possibilita estabelecer passadas num rumo de aproximação entre a natureza e a cultura.

Vejamos algumas das principais vertentes ecologistas que orientaram a formação dos ambientalistas, educadores ambientais nessa concepção em nosso tempo, onde todas elas fazem e refazem, com suas especificidades, este caminho de encontro dialético entre natureza e cultura:

1. O pensamento da complexidade (Edgar Morin);

2. A ecologia profunda ( Arne Naess);

3. Ecologia da mente (Murray Bookchin);

4. O Ecomarxismo, Ecosocilismo (James O´connor, Michel Lowy);

5. A Economia Ecológica ( Joan Martínez- Alier);

6. A Teoria Gaia (James Lovelock);

7. A Teia da Vida (Fritjof Capra);

8. O Cuidado Essencial (Leonardo Boff);

9. A Autopoiesis (Francisco Varela e Humberto Maturana);

10. Os Movimentos Ecologistas (verdes, ecofeministas, agroecologia...)

Os problemas do conhecimento ambiental e as tentativas de estruturação paradigmática. São temas centrais das ciências humanas na formação sócio ambiental, sendo, portanto um desafio cotidiano na construção de um pensamento ambiental que possa conscientizar as pessoas de que somos natureza, que dela dependemos e de que necessitamos mudar, ampliar nossos diálogos, e principalmente nossas práticas com ela. Já temos nessa experiência civilizatória condições de estabelecer esta mudança.

Podemos refazer a ação pedagógica mobilizada pelo saber ambiental, como manifestação da capacidade transformadora de saberes e cuidados com a vida e toda a natureza. Trata-se de montar uma estratégia de educação através de círculos permanentes de aprendizagem e de práticas. Formar atores capazes de desenvolver projetos, propostas de recuperação, conservação, cuidado, assim como na produção e consumo sustentável. Isso implica pensar num sistema educativo onde novos modos de produção, de necessidades, formas de sociabilidade, convivência baseadas numa cultura sustentável.

Paulo Bassani é sociólogo, escritor, ambientalista e professor universitário

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