O Rio de Janeiro tem o Pão de Açúcar. São Paulo tem o Pico do Jaraguá. Londrina tem o “Morro do Shangri-lá“. Este ultimo foi descoberto recentemente. Tem altitude de três metros. Fica num dos pontos mais altos da antiga Fazenda Coati, na Estrada Nova Dantzig, km 26, cota 608m.

Em tempo, essa cota 608m é a mesma do “alto” identificado por MacDonald (1928-32), onde foi implantada a Igreja Matriz e a Praça na Planta de Londrina (1932).

Ao projetar o Jardim Shangri-lá, na antiga Fazenda Coati, o arq. Leo Ribeiro de Moraes escreveu no memorial que: “objetivou traçado que violentasse o menos possível o terreno natural” (1951). As praças do loteamento tinham a função de afastar os quarteirões da ferrovia e vias movimentadas (Lei 133/1951). Eram ponto de chegada e partida de vielas. A Praça principal, em formato de meia lua, preservou o morro da cota 608m. Denominei “Morro do Shangri-lá”.

Um projeto de revitalização, em curso, pretende aplainar a praça. Destruir o “Morro do Shangri-lá”. Fica uma proposta de aventura urbana. Escalar o “Morro do Shangri-lá”. Enquanto existe. Deve iniciar a lenta escalada pelo lado leste. Observar a arborização original que reforçava sua forma. Uma vez no ponto oeste, mais alto, uma longa parada. Contemplar o outrora “aristocrático bairro”, os quarteirões curvos, as vielas, a antiga estrada Nova Dantzig (hoje avenida Tiradentes). “A vista panorâmica que se descortina...” (1951).

Uma curiosidade. Um exemplo em Tókio. Sabemos que o Monte Fuji é símbolo cultuado e reverenciado no Japão. Existem espalhadas por Tókio, varias miniaturas do Monte Fuji - os Fujizuka, construídos com pedra vulcânica. Isso, desde o período Edo (sec. XVII a XIX). Tem alturas que variam de três a quinze metros. São atrativos para visitação e escalada, substitutos à ida ao Monte Fuji original. Preservar símbolos e significados. Preservar a Cultura.

Respeitar o chão, valorizar os significados. Preservar o “Morro do Shangri-lá”.

Humberto Yamaki, arquiteto

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