A Semana da Pátria nos convida a redescobrir o sentido do autêntico sentimento cívico, que a geração atual desconhece em sua verdadeira dimensão. Não por culpa do jovem de hoje, inserido no contexto de valores pulverizados da pós-modernidade, mas por um conjunto de fatores complexos que fez o nosso tempo perder muito do entusiasmo e da vivacidade que motivava antes crianças e adultos a afirmar valores e ideais humanos, que já não mobilizam mais e vão perdendo a força de impacto que tiveram outrora.
Mesmo assim, vamos assistindo a um empenho de indivíduos e instituições (especialmente na área educacional) em reavivar o sentimento cívico nas crianças, adolescentes e jovens, na esperança de que tal sentimento possa permitir uma cultura menos individualista e mais voltada à solidariedade e ao bem comum. Aquele que ama sua Pátria (sem extremismos fundamentalistas), ama a sua cultura (sem dogmatismos e xenofobias) e ama a tradição de sua gente (sem conservadorismo), tem motivação de vislumbrar perspectivas promissoras de futuro. Por isso, a história é um referencial para que possamos compreender o presente e criar melhores condições de vida no futuro. História é memória. Sem ela temos apenas o obscurecimento da nossa identidade e, portanto, das nossas reais potencialidades.
Segundo o filósofo brasileiro Gilberto de Mello Kujawski, ''patriotismo não é cantar a toda hora o Hino Nacional, com a mão no peito, nem assistir à parada de 7 de Setembro todos os anos. Patriotismo não é encerrar-se no nativismo nem isolar-se no nacionalismo. Patriotismo é assumir o País real, com todas as suas qualidades e defeitos e procurar melhorá-lo na medida de nossas forças. Assumir o país real significa reconhecer que o Brasil é parte de um complexo maior, a América Latina e que esta é parte do Ocidente. Melhorar nosso país significa amá-lo como a nós mesmos, de modo a reconhecer que minha vida é indissolúvel do destino do meu povo. Patriotismo é esse projetar-me conjuntamente com a Pátria''.
O 7 de setembro deste ano deve, portanto, recuperar o sentimento patriótico, fazendo com que voltemos nosso olhar para as riquezas naturais e culturais do nosso povo e da nossa história. Somos uma Nação que emerge como um gigante já desperto no atual contexto da globalização. O Brasil hoje é ouvido lá fora, respeitado, exporta produtos da maior qualidade, inclusive, cultura de elevada expressão. Precisamos reforçar este gigante no que ele tem de compromisso com a vida, respeito aos direitos humanos e à natureza, enfim, à paz. Parabéns Brasil!
VALMOR BOLAN é doutor em Sociologia e diretor geral da Faculdade Editora Nacional (FAENAC)