Com o relaxamento das restrições impostas pela pandemia do coronavírus, que acompanhou o avanço da vacinação contra a Covid-19, no Brasil, as pessoas voltaram a circular e a viajar. E estão transformando essa realidade, criando uma nova maneira de realizar as viagens. Além de desejarem roteiros para destinos com menos fluxo de pessoas, mais conectados à natureza e mais isolados, os turistas também estão aprofundando uma prática que já era tendência anteriormente: comprar as próprias passagens. E isso mexe totalmente com o setor do turismo como um todo.

Imagem ilustrativa da imagem ESPAÇO ABERTO - O pós-pandemia trouxe uma nova maneira de viajar
| Foto: iStock

Qual é, então, o novo papel de agências de viagens, de agentes de turismo, da rede hoteleira, das empresas prestadoras de serviços e passeios? Mais do que tudo, é possibilitar experiências. Sim, as pessoas estão, cada vez mais, em busca de experimentar destinos novos, de experimentar a gastronomia local, de experimentar uma cultura diferente. Nesse sentido, as agências de viagens do pós-pandemia não são aquelas que apenas vendem passagens ou pacotes. Isso está ficando no passado. As novas agências são aquelas que constroem roteiros que transformam as pessoas, que geram conexão entre viajantes e destinos.

Afinal, para comprar passagens, hoje em dia, é muito fácil. Basta instalar meia dúzia de aplicativos, ligar o alerta de preços e esperar as ofertas acenderem as notificações do celular. Ou entrar diretamente nos sites das companhias aéreas e garimpar passagens mais em conta. Não é difícil. E a internet abriu um leque de possibilidades que permitem às pessoas viajar para muitos destinos, tornando-os mais acessíveis. Então, agências de viagens e agentes de turismo devem ir além. Aliás, esses últimos se transformaram em consultores de viagens, montando roteiros específicos para cada perfil de turista. É quase que uma construção artesanal.

Uma consultoria, por exemplo, pesquisa tudo o que é necessário para que o viajante possa viajar de maneira tranquila. Inclusive, sobre as atualizações de cada destino em relação à Covid-19: tem que apresentar passaporte vacinal? Tem que apresentar exame negativo para o coronavírus? Entre outras questões, como que passeios estão fechados ou restritos? Essas são algumas das novas demandas do turismo. Da mesma maneira que, quando os turistas chegam aos seus destinos, querem e exigem sentirem-se seguros em hotéis, pousadas e hostels, além dos passeios que farão.

Por isso, a cadeia do turismo como um todo é impactada quando surge uma nova demanda. E ela inteira precisa se adaptar, melhorar o atendimento e ampliar a oferta de serviços. Afinal, a experiência do viajante tem início desde quando ele faz a consultoria de viagens até quando ele chega na hospedagem e realiza o passeio contratado. Imprevistos acontecem, mas, os prestadores de serviços atentos resolvem os problemas com rapidez e eficácia. Porque também uma das novas demandas é a conectividade, ferramenta importantíssima nessa nova modalidade de se viajar.

E, assim, gera-se a conexão desejada pelo turista, que passa a ter uma experiência positiva, que volta a viajar, que recomenda os serviços utilizados, que movimenta a cadeia do turismo novamente. E, claro, que potencializa a economia por onde passa. Entretanto, é preciso se adaptar. Oferecer ao viajante, de fato, conexão com as pessoas, com o lugar, com as culturas e com a gastronomia locais. Permitir, possibilitar e promover experiências que o turista levará para o resto de sua vida, inclusive a interação com a comunidade local e a vivência dos hábitos e costumes de onde se está visitando.

A nova maneira de viajar veio para ficar. Pegou alguns de surpresa, enquanto outros já estavam se preparando para essa nova realidade. Mas, sobretudo, deixará de ser tendência para se tornar rotina.

Iza Simão, consultora de viagens da Criattiva Turismo

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