Você é capaz de fazer uma pausa em sua vida? E que tal se esse momento for agora? É fato que vivemos em uma época de profunda agitação e confusão tanto do lado de dentro quanto de fora. É verdade que vivemos em uma época de completa e furiosa aceleração temporal, reflexo da evolução digital. É indiscutível que essa época propõe que possamos fazer mais e mais em cada vez menos tempo e talvez até possamos mesmo, mas sendo levados para um esgotamento desmedido. Na trajetória da humanidade, jamais vivemos algo parecido. E então, retomo a pergunta, como seria a experiência de parar ao menos por um momento? O que haveria para ser vivido diante da pausa?

Seguimos humanos e não máquinas como podem nos fazer pensar. Isso mesmo, HUMANOS. Já se atentou para isso, para o humano que há em você? É possível que no alvoroço dos compromissos da vida, isso esteja passando alheio à sua existência. Talvez você esteja correndo sem parar de um lado para o outro e, sem consciência, se desconecte de você. A desatenção pode estar roubando porções importantes da sua vida: um cheiro, um gosto, uma lembrança, um momento, a sua saúde, seu bem-estar, seu descanso, sua paz, sua própria vida.

Qual a possibilidade de você abrir um espaço para o seu “modo ser” e deixar por algum tempo o “modo fazer”, que está sempre tentando chegar a algum lugar e depois em outro, outro, outro? Para entrar no “modo ser” você precisa parar. A pausa tem poder. O poder de nos reconectar com nossos desejos e anseios mais profundos, com nossa intuição e nossa inspiração.

Tente. O que aconteceria se você fizesse uma pausa agora? Consegue perceber sua respiração neste momento? E o seu corpo, como está? Uau, tem um corpo aí!

Você pode pensar que pausar é perder tempo. Mas ao parar por alguns instantes, é provável que perceba que está vivo, que seu coração segue batendo, que a respiração está aqui. A pausa pode te liberar das ruminações, te ajudar a abrir espaço interno para pensar e responder às demandas de maneira mais consciente e assertiva. Te dá um respiro para retomar o que quer que seja que esteja fazendo nesse momento com muito mais clareza e fôlego. A pausa te permite tempo para viver o presente! Que experiência incrível essa de pausar!

A pausa pede presença. A sua presença, a sua atenção, a sua atenção plena. Talvez ache difícil parar, afinal há tanto por fazer, mas o convite é que apenas por alguns instantes você tome um tempo para observar a sua respiração acontecendo naturalmente. Não queira impor um ritmo ou controlar a sua respiração. Apenas permita que por alguns instantes ela siga seu fluxo livre. Observe-a por alguns momentos. Talvez segundos, talvez fique por mais tempo. O que for possível para você agora. Não importa o que esteja fazendo, a atenção plena estará sempre a apenas uma respiração de distância. Que poderoso!

E de repente você pausou, respirou, suspendeu as ruminações da sua mente e o estresse por alguns instantes. A pausa pode ser um convite para te mostrar o que mais importa: você! Te permite o contato com o que é básico, libera o contato direto com a sua vida. E você pode – e deve – pausar agora que está na correria do final do ano, agora que está em recesso, agora que está exausto, agora que entrou de férias, agora. O melhor momento é o agora.

“Não há nada de passividade (na pausa). E quando você decidir ir para a vida, é um ir diferente, porque você parou. A parada deixa a vida mais vívida, mais rica, com mais texturas. Ela nos ajuda a manter em perspectiva todas as coisas com as quais nos preocupamos e em relação às quais nos sentimos inadequados, ela nos dá orientação” – Jon Kabat-Zinn

Pause sempre que for possível. E sempre é possível!

Erika Zanon, jornalista e instrutora de mindfulness

A opinião da autora não reflete, necessariamente, a opinião da FOLHA.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.