Quando olhamos para o alto numa noite estrelada, observamos as estrelas e aí percebemos alguns dos mistérios do Universo. O diminuto tamanho do planeta que habitamos a nossa pequenez e nossa insignificância e a compreender nossa métrica diante do Cosmos. Nossa rudimentar condição humana em um planeta de um sistema solar, tendo o sol em seu centro, e outros oito planetas ao seu redor. E entendo hoje, que este não é o centro de muita coisa, apenas um dos milhões de sistemas com estrelas ao centro, isso somente na galáxia, que o sistema solar compõe, chamada Via Láctea. Que é apenas uma em mais de aproximadamente 100 milhões de outras.

Esse olhar para o Cosmos, para a imensa massa escura recheada de pequenos pontos luminosos, desperta um sentimento de humildade e entender de que somos apenas poeira das estrelas. Carl Segan dizia que talvez essa vontade de buscar outros lugares para viver é buscar a origem no calor das estrelas de onde viemos e nos fazer reconhecer que a vida humana que aqui surgiu é rara, frágil e talvez seja única.

E assim imbuídos dessa lógica e dessa concepção é que temos as condições de ressignificar a natureza planetária. O que significa a natureza para a economia moderna, tudo a ser utilizado para transformar sob nossa lógica, a lógica humana com a instrumentalização científica, gerado por uma compreensão de mundo voltado a essa determinação da razão humana com uma arrogância do ser humano pensando que através da razão conseguiríamos dominar tudo. Desenvolvemos uma forma de compreensão do mundo muito estranha sem nos dar conta que tratávamos de dominar um planeta finito, limitado, pequeno e frágil. Utilizarmos de tudo o que há sem limites!

E agora estamos determinados a discutir, entender e tomar decisões diferentes das tomadas ate então. Temos que reinventar o mundo com outra e nova concepção de compreender nossa relação com a natureza, com a vida. Essa pulsão pelo crescimento que impacta a todos e que beneficia somente a alguns precisa ser revertida imediatamente. A criatura já se revela contrária não ao criador, mas quem nela habita, ela tem sua própria existência e sua forma de manifestação, caminha contra as leis da natureza, da matemática, da física, da química, da biologia e compreensão consciente do mundo e da vida.

Não podemos exigir da natureza mais do que sua capacidade produtiva e reprodutiva, precisamos aprender como funciona a natureza a flora e a fauna, respeitando seus espaços e suas limitações. Nosso tempo na modernidade é diferente do tempo da natureza. Há uma biosfera que é limitada, que possui suas próprias regulações, diferentes da regulações da economia. Há ciclos, formas e tempos que ainda não compreendemos ou que não queremos compreender e isto está levando a um esgotamento dessa racionalidade ambiental. Este não entendimento é resultado de nossa razão manipuladora e dominadora, que nos cega e obstrui toda a capacidade crítica de pensarmos.

Existem os negadores da importância da natureza, mas também existem os que se preocupam cientificamente ao entender a rede da vida buscam sua continuação, preservando toda biodiversidade existente. A preocupação central é a economia e o mercado, e que esta continue, da mesma forma, e aí nos perdemos. A economia em si não é vida, da forma como é tratada está nos levando à morte antrópica do planeta, a queima e esgotamento de todo patrimônio natural. O que nos impede de vermos isso!

Continuarmos a desqualificar, subestimando as mudanças climáticas, há perda da biodiversidade, que há degelo dos pólos e das montanhas, que há aumentos da poluição, contaminação das cidades, dos rios e dos mares, oceanos, que á desertificação crescente dos solos. Que há um esgotamento e contaminação das águas potáveis. Porque queremos negar tudo isso? A quem isso interessa?

Falamos daqueles que entendem que precisamos mudar o jeito de habitar, para com os de nossa espécie e para tudo que vive nesta casa comum. O planeta-mundo e tudo o que nos cerca necessita desse chamamento de nossa consciência como espécie, que cuida e que zela, antes que nos faça mudar de lugar para morar, pois aqui não seremos mais bem vindos.

Paulo Bassani é professor e sociólogo em Londrina.